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10 de janeiro de 2023

Estórias do velho Maracanã (II)

 Estórias do velho Maracanã (II)

Na histórica final de 1989, em que o Botafogo derrotou o time da beira da lagoa e sagrou-se campeão depois de 21 anos de calvário, saiu uma caravana de amigos de São José do Calçado-ES, a cidade onde nasci. Eram uns 10 os componentes da Fogo de Fogo, que foram todos hospedar-se no Hotel do Tonicão, a casa de meu pai em Niterói. O comandante-em-chefe da troupe de pingunços alvinegros era o Ferrugem, o mais velho dentre nós. À época, o Ferrugem cultivava com zelo uma pança que mais parecia um barril de chopp de 60 litros. Na verdade, era mesmo. Outra característica do Ferrugem é ter a língua 'plesa'. Não pronuncia o B e o F o meu querido amigo. Botafogo, por exemplo, em 'ferrugês' clássico, vira Otaogo.
Quando o árbitro apitou o final da partida, presenciei a maior sessão de descarrego da qual já participei na vida. A arquibancada alvinegra virou uma apoteótica loucura. Quando nossa torcida começa a cantar o hino do clube, olho para o lado e deparo-me com uma das mais hilárias cenas que vi na vida. O Ferrugem de joelhos, a vistosa pança arrastando no chão, vertendo um rio de lágrimas amarelas e espumantes, efeito do excesso de cerveja, creio eu, mãos espalmadas rumo ao céu, e urrando a plenos pulmões:
Otaogo, Otaogo
Campeão desde 1910...
Sentei e tive uma crise de risos que curou meu porre!
A comemoração começou na quarta à noite, após o fim do jogo, e só foi acabar no domingo.
Mas nós, "otaoguenses", merecíamos uma festa assim. Foi muito sofrimento!

16 de agosto de 2019

Tristes, muito tristes, mas sem perder a piada jamais

Estávamos no carro eu, meu primo Calinha, que dirigia, sua mãe, Ceci, mais ativa que nunca, do alto de seus 82 anos, e o Zé Maria Ferrugem, pós-graduado em "autenticidade" nas montanhas de São Benedito, glorioso 1º distrito de São José do Calçado (ES), a cidade onde nasci. Íamos para o velório de nosso grande amigo Carlim Caçapa, que faleceu ontem (16) pela manhã em Vitória.
Lá pelas tantas toca o celular do Calinha. Era um outo amigo nosso querendo saber detalhes do velório. Calinha diz que tá dirigindo, que a gente estava com ele no carro e que ia passar a conversa pro viva-voz.
Ao identificar a voz do amigo do outro lado, nosso Ferrugem, com sua peculiar delicadeza, dispara:
- Aí, Ceci, esse é o próximo! Já tá na boca (é tábua, mas não para o Ferrugem) da beirada! Num se cuida...
- Porra, Ferrugem, o viva-voz tá ligado!- ralha o Calinha.
- E daí, tô mentindo por acaso?!- responde nosso Ferrugem sem se alterar.
Gargalhada geral no carro, inclusive a do próximo defunto...
E assim chegamos ao cemitério para nos despedirmos de nosso amigo. Tristes, muito tristes, mas sem perder a piada jamais...



7 de agosto de 2018

"Vamos lanchar com ele"

Sábado retrasado recebi a visita de dois velhos e queridos amigos de São José do Calçado. Vieram de Vitória me dar as boas-vindas por ter me mudado para Guarapari.
Um deles, o Ferrugem, é o patrono de nossa turma de farras. Por ser o mais velho e o menos ajuizado nos tempos de esbórnia ampla, geral e irrestrita era o nosso guru.
O outro é o Calinha, meu primo e um dos mais novos da galera. Um sujeito "bão", o Calinha, mas com um defeito genético gravíssimo. É o mais chato e pela saco dentre os bilhões de pacatos e ordeiros torcedores do Invencível Mengão! Chato pra caralho!
Antes de virem ocorreu um pequeno impasse: o Ferrugem ligou três vezes pro Calinha querendo saber a hora que iam sair de Vitória. Coisa de terceiro-idosinho que parou de beber. Como eu também parei de beber faz tempo, o Calinha indagou ao Ferrugem: 
- Mas nós vamos fazer o que lá em Guarapari? Você e o Toinha não bebem mais...
O Ferrugem pensou por uns segundos e respondeu: 
-Ué, nós vamos lá lanchar com ele!
E assim foi feito, vieram, lanchamos, contamos diversos "causos" e matamos saudade. Anos atrás esse lanche iria varar madrugada adentro e só ia acabar após o amanhecer do dia.
Este foi o principal motivo que me fez vir morar em Guarapari: ficar próximo de meus bons e queridos amigos de toda a vida! E só lanchando com eles.
 
Blog do Barão- Eu com amigos
Ferrugem, eu e o Calinha



9 de outubro de 2015

"Ai a uta qui ti ariu, seu iado io da uta"

"Ai a uta qui ti ariu, seu iado io da uta"

Hoje pela manhã encontro meu velho e querido amigo Ferrugem fazendo umas compras na venda de produtos agrícolas do Eli, outro amigo aqui de São José do Calçado.
Depois do abraço efusivo, fui no banheiro fazer xixi e lá de dentro ouço o Eli perguntar ao Ferrugem: - Vai querer o quê, Ferrugem?
- Ração para cavalo- responde o Ferrugem, que tem a língua "plesa" e, principalmente quando fica puto,costuma "comer" umas consoantes.
Saí do banheiro e disse em voz alta: - Tá vendo, Eli, descobri porque o Ferrugem emagreceu, está esbelto, parou de beber e tá parecendo até gente: o veterinário dele acertou em cheio ao receitar ração de cavalo pra ele!
- "Ai a uta que ti ariu, seu iado io da uta!"- dispara o Ferrugem em altos brados, enquanto o Eli e seus empregados riam à desbragada.
Depois fui cumprimentar a Chica, a doce esposa do Ferrugem, que estava no carro esperando seu fino e educado marido.
Ah, eu suspeito que o Ferrugem quis dizer o seguinte em sua frase: "Vai a puta que o pariu, seu viado filho da puta!"
Mas só suspeito...