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Jobson |
Já dizia Nélson Rodrigues que o Botafogo é o clube mais passional do futebol brasileiro e que temos, nós,alvinegros, a vocação da tragédia. E a História mostra que Nélson estava correto em sua assertiva. Somos, os Botafogo, passionais, maníacos-depressivos e vamos do céu ao inferno, sem escalas, em um átimo de segundo.
Dois dos maiores ídolos de nosso futebol em todos os tempos, Heleno de Freitas e Mané Garrincha, foram personagens trágicos e saíram dos píncaros da glória para morrerem na sarjeta. Heleno internado em um hospício em Barbacena; Mané, o infinitamente grande, Garrincha, bêbado, caído em uma rua perdida de um subúrbio do Rio. Bem no meio de seu povo, do qual foi a maior de todas as alegrias. Digo sempre que nada pode ser mais gratificante para um homem que ser chamado de "A Alegria do Povo". E o homem que assim foi "batizado", morreu triste e bêbado bem no meio do seu povo, que tanto o amava. Trágico. Triste. Botafogo.
Agora temos Jobson, em minha opinião, o maior atacante do atual futebol brasileiro ao lado de Neymar. Outra tragédia que se avizinha. Tal qual Heleno e Mané, Jobson é dependente químico e luta contra a sua doença acompanhado com apreensão e esperança por toda a dramática e sofrida torcida do Glorioso. Aí me pego a pensar: onde mais Jobson poderia jogar? Onde mais a não ser no trágico e fulgurante Botafogo?!
Rogo que saia desta e não repita as tragédias de Heleno e Mané. Estamos juntos contigo em sua caminhada, Jobson. Que venha a glória! Que, espero, não antecipe a tragédia. Que Heleno e Mané te protejam. Só por hoje, garoto, sempre...
( Texto publicado originalmente em 07/03/2012, que republico em 2015, quando nova tragédia se abateu sobre o Botafogo com a queda para a Série B do Brasileirão, ao mesmo tempo que Jobson parece. mais uma vez, estar saindo da sua. Que se reergam juntos. )