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5 de agosto de 2014

O triste dia em que Consolo, o burro da prefeitura de São José do Calçado, cometeu suicídio


O triste dia em que Consolo, o burro da prefeitura de São José do Calçado, cometeu suicídio
Ontem recebi o telefonema de um primo muito querido, Calinha, uma beleza de ser humano! Mas, infelizmente, portador de um defeito genético grave, que acomete boa parte da população brasileira: é torcedor do invencível Mengão, além de falar pelos cotovelos, os seus e os alheios... Fala tanto que quando éramos crianças lá em São José do Calçado, seu pai, Alcênio ( o primo mais querido de minha mãe!) lhe deu um papagaio de presente e tempos depois teve de dar o bicho: o pobre do papagaio não havia aprendido a dizer uma só palavra, o Calinha não deixava o louro falar, o que levava o penoso a entrar em profunda depressão.
Em nossa conversa em que só ele falou, recordou um fato que eu havia esquecido: o suicídio do Consolo, o burro que puxava a carroça de lixo da prefeitura. Consolo havia se aposentado após anos de bons serviços prestados ao povo calçadense e passava seus dias de inativo funcionário municipal pastando tranquilamente na propriedade do Bianor Nunes, que margeava à rua Quinze. Um barranco relativamente alto separava o pasto da rua. Pois muito bem, uma bela tarde estava o Calinha conversando com  Oscar e mais dois amigos na calçada. Consolo pastava na santa paz dos muares quando, sem qualquer aviso, deu um forte relinchado e disparou morro abaixo, se atirando no meio da rua. Depois do susto inicial acorreram todos para socorrer o  burro, que era muito querido na cidade. Não adiantou, após alguns minutos estrebuchando tristemente, o Consolo bateu as patas.
O popular muar foi enterrado com pompa e circunstância, inclusive com direito a discurso em seu velório, proferido pelo saudoso João Pimenta- uma das figuras mais populares e queridas que Calçado já teve. João, à época do suicídio do desconsolado Consolo, era o presidente da Câmara de Vereadores do município e, enquanto lia o improviso que havia escrito em homenagem ao Consolo, se emocionou e derramou fartas lágrimas,.. Propôs, inclusive, que Consolo recebesse o título de cidadão calçadense, além de sugerir que se construísse uma estátua do muar, que seria postada em frente à prefeitura. Recuou da ideia após passar o efeito da vasta quantidade de Matinha- a melhor pinga da região- que havia sorvido, e de ser convencido pelo então prefeito, Antônio Borges, que não seria de bom tom ter um burro na porta do poder municipal. E completou, seu Antônio, com a fina ironia que sempre o acompanhou: "Já temos tantos lá dentro, João, não precisa mais um aqui fora!" E  foi assim que o Consolo ficou sem sua, convenhamos, merecida estátua.

20 de janeiro de 2013

O dia que João Pimenta "pescou" a comadre

Interrogações- Pescando sem peixe

João Pimenta era uma figura queridíssima em São José do Calçado; baixinho, barriga proeminente, alegre, expansivo, boêmio, amigo de seus amigos, vereador e "dono" do boi pintadinho mais popular da região. Além destas qualidades, João tinha outra, talvez a maior delas: era versado em um rabo-de-saia.
Certa feita nosso João foi fazer uma visita cordial e íntima, muito íntima, a uma sua eleitora e comadre lá pelas bandas da Rua Nova, depois do antigo  matadouro. Após cumprir suas obrigações políticas, compadrescas e, digamos, fornicativas, está se retirando furtivamente da casa quando avista uma das fofoqueiras-mor da cidade. Tentando disfarçar, pega uma vara de pescar que se encontrava encostada ao lado da porta da casa e finge estar pescando em uma poça d'água que a chuva havia formado na rua. A candongueira se aproxima e dá-se o seguinte diálogo:
- Tá fazendo o quê por aqui, João?
- Uai, tô pescando, num tá vendo?
- Tô, mas a vara não tem linha nem anzol, tá vendo não!?
- Eu sei, fulana, mas tem problema não, aqui também não tem peixe, num tá vendo?!
Despediu-se, ajeitou a calça por sobre a formosa pança e, altivo, foi-se...