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18 de dezembro de 2019

Roberto: um general de 22 estrelas, 2 luas e um satélite russo


Roberto era mecânico de automóvel, baiano, alto, magro, voz grave, sorriso farto e boêmio dos bons!
Depois que bebia umas Roberto se transformava num general com a modesta patente de 22 estrelas, 2 luas e um satélite...russo!!! Como gostava de frisar em alto e bom som. Doce figura, o General, como passou a ser chamado por todos.
Fez logo amizade comigo, meu irmão e chamava meus pais de "Papai Tonicão" e "Mamãe Carmem". Á época, lá pelo final dos anos 70 do século passado, Niterói era uma cidade tranquila, onde quase todos se conheciam.
Um dia nosso General abre uma conta bancária no antigo Banerj. O gerente, conhecido nosso, cai na besteira de dar um talão de cheques ao General. Foi uma festa nos botequins do Ingá, São Domingos e adjacências! Com sua gloriosa patente, General Roberto saiu distribuindo cheques em todos os botecos da área. Quando os cheques acabaram, volta nosso General todo imponente à agência para pegar outro talão. O gerente- de molecagem- ameaça mandar prendê-lo pois havia distribuído um monte de cheques voadores na praça. Nosso General não sabia que tinha que ter dinheiro no banco para passar os cheques, achava que podia pagar depois.
Foi um confusão daquelas! General protestou veementemente: -"Quem vai ter a ousadia de prender um General de 22 estrelas, 2 luas e um satélite...russo!!!- disparou em alto e bom som dentro da agência bancária. "Eu não sabia que tinha de ter dinheiro pra dar os cheques, quero telefonar pro meu papai Tonicão (meu pai) que ele manda pagar logo essa mixaria!"- terminou seu protesto nosso militar de altíssima patente.
O gerente, sabedor que meu pai adorava "seu filho militar", liga e meu pai o tranquiliza dizendo que cobriria o pequeno rombo do General, mas o proibindo de lhe dar outro talão.
General, altivo como sempre, vira-se para o gerente e diz: "Viu, bobão, quem tem pai rico não morre pagão!" E retirou-se, orgulhoso e com sua patente imaculada.
Um dia o General muda-se para Manaus. Passados uns dois anos seu irmão de sangue nos telefonou avisando de seu falecimento.
Saudades de meu querido irmão, o General com a maior patente da História da humanidade: 22 estrelas, 2 luas e um satélite...russo!!!

(Niterói, inverno de 2011)


General Roberto era mecânico de automóvel, baiano, alto, magro voz grave, sorriso farto e boêmio  dos bons!    Depois que bebia umas se transformava num general com a modesta patente de 22 estrelas, 2 luas e um satélite...russo!!! Como gostava de frisar em alto e bom som. Doce figura, o General, como passou a ser chamado por todos.  Fez logo amizade comigo e meu irmão e passou a chamar meus pais de papai e mamãe. Á época, lá pelo final dos anos 70 do século passado, Niterói era uma cidade tranquila, onde quase todos se conheciam.    Um dia nosso General abre uma conta bancária no antigo Banerj. O gerente, conhecido nosso, cai na besteira de dar um talão de cheques ao General. Foi uma festa nos botequins do Ingá, São Domingos e adjacências! Com sua gloriosa patente, o General Roberto saiu distribuindo cheques em todos os botecos da área. Quando os cheques acabaram, volta nosso todo General todo imponente à agência para pegar talão. O gerente- de molecagem- ameaça mandar prendê-lo pois havia distribuído um monte de cheques voadores na praça. Nosso General não sabia que tinha que ter dinheiro no banco para passar os cheques, achava que podia pagar depois.    Foi um confusão daquelas! General protestou veementemente: -"Qurm vai ter a ousadia de prender um General de 22 estrelas, 2 luas e um satélite...russo!!!- disparou em alto e bom som dentro da agência bancária. "Eu não sabia que tinha de ter dinheiro pra dar os cheques, quero telefonar para meu papai Tonicão (meu pai) que ele manda pagar logo essa mixaria!- terminou seu protesto nosso militar de alta patente.  O gerente, sabedor que meu pai adorava "seu filho militar", liga e meu pai o tranquiliza dizendo que cobriria o pequeno rombo do General, mas o proibindo de lhe dar outro talão.  General, altivo como sempre, vira-se para o gerente e diz: "Viu, bobão, quem tem pai rico não morre pagão!" E retirou-se, orgulhoso e com sua patente imaculada.     Um dia o General muda-se para Manaus. Passados uns dois anos seu irmão de sangue nos telefonou avisando de seu falecimento.    Saudades de meu querido irmão...o General...de 22 estrelas, 2 luas e um satélite...russo!!!
                                                                      

19 de dezembro de 2016

Tonicão, meu pai

Tonicão, meu api
Tonicão em foto de 1958
Tonicão, meu pai
Zatonio Lahud

Dia dos Pais, minha mãe avisa a mim e meus irmãos que o pai viria mais cedo para jantarmos juntos em um restaurante. Era uma sexta-feira (no domingo os restaurantes ficam lotados), estranhei a notícia pois meu pai não era dado a comemorações do gênero, Achava puro comércio, comerciante que era.
Marcou para 20 horas.
Antonio Lahud, era seu nome de batismo, Tonicão para todos. Pesava cerca de 110 kg- quando magro, o normal era por volta de 120 kg, distribuídos com fartura por cerca de 1,83 m de altura.

Todo mundo pronto, esperando sua chegada e nada do velho aparecer. Deu nove horas, dez, onze, meia-noite e nada... nem sombra do pai.
- Sabia- diz a mãe, hoje é sexta-feira, deve estar bebendo com os amigos e esqueceu da gente, vou preparar alguma coisa para vocês comerem. Quando ele chegar vai se ver comigo, deixa ele!- exclamou e saiu furibunda, rumo à cozinha.

Todos de cara feia, com fome, sexta-feira perdida, quando entra o pai- já meio alto, uma sacola em umas das mãos, na outra um pequeno embrulho.
- Poxa, pai!- digo- começando a reclamar.
- Ninguém fala nada, eu explico, mas antes peguem uma cerveja para mim. Minha irmã foi lá, pegou a cerveja, o serviu e sentamos para ouvir a explicação:
- Demorei por causa disso aqui- disse- colocando o pequeno embrulho por sobre a mesa.Ganhei de presente dos meninos lá do posto- completou, já chorando.

O presente era uma carteira de dinheiro, daquelas feita em plástico barato, e ornada com o escudo do Flamengo. Os meninos eram dois garotinhos negros e muito pobres, que ficavam calibrando pneus no posto. Eram simpáticos e meu pai logo se tomou de amores pelos dois. Passou a dar almoço, comprou camisa do Flamengo, acompanhar os estudos... Essas coisas de pai.
- Mas por que está chorando?- indaguei.

- Vocês não vão entender! Quando estava saindo do posto, os meninos vieram e me deram a carteira de presente pelo dia dos pais. Compraram com o dinheirinho que ganham lá, calibrando pneus- disse ele, aos prantos.

- E aí?- perguntei.

- Me deram um abraço, um beijo e não aguentei! Comecei a chorar, botei os dois no carro e levei-os para jantar em um restaurante. Nunca tinham ido em um na vida deles! Comeram à vontade, tomaram sorvete, uma farra danada! Por fim, comprei seis galetos para cada um levar pra casa e comprei mais seis pra vocês: tão aí nessa sacola! Foi isso que aconteceu, agora podem zangar- terminou, lágrimas escorrendo por seu rosto.

Como que combinados, levantamos os três, eu, meu irmão e minha irmã e fomos dar um abraço no velho- todos com lágrimas nos olhos.

As lágrimas que escorrem em meu rosto agora não são só de tristeza e saudade por sua ausência, não pai, são antes lágrimas de alegria e orgulho por ter sido você o meu pai.

Saudade.


PS: Hoje, 19/12/2016, completam-se 25 anos da morte de meu pai.



                                                                                 

                                                                         



17 de abril de 2015

Recordações de minha infância em São José do Calçado

Recordações de minha infância em São José do Calçado

O recorte é do jornal A Ordem, de São José do Calçado (ES), a cidade onde nasci. Deve ser do início da década de 60 do século passado. o Torneio do Trabalhador é disputado até hoje, todo dia 1º de maio, por diversas equipes das fazendas e distritos do município de Calçado.
O primeiro anúncio, no alto e à esquerda da tela, é da Casa Libaneza, de meu pai, Antonio Lahud, conhecido por todos como Tonicão. Dele é a maior saudade que tenho na vida.
O Bar São Sebastião, do outro lado, era conhecido, na verdade, como o Bar do Tião Cabrito.
Alguém passava na porta do boteco e gritava: "Fala, Cabrito?! Lá de dentro vinha sempre a mesma resposta: "Cabrito é a puta-que-te-pariu, seu filho-da-puta!"
Passei minha infância inteira ouvindo essa ladainha o dia todo, pois éramos vizinhos do bar e o Cabrito grande amigo e compadre de meu pai.
Saudade de minha terra querida.


22 de janeiro de 2014

Foi tão bom pai que até perdoo sua paixão pelo Flamengo.

Meu pai, Antonio Lahud ( Tonicão ), em 1958
Homens, temos defeitos e virtudes.
Meu pai não era diferente.
Das virtudes que tinha guardo quatro: a inteligência (sem exageros, foi uma das pessoas com o QI mais alto que conheci); a alegria de viver; o amor exagerado pelos amigos e filhos; a imensa generosidade; e o carisma, onde estava era sempre uma festa.
Dos defeitos não tenho o direito de falar, foi tão bom pai que perdoo até sua paixão pelo Flamengo.
Saudades...

18 de abril de 2013

A sabedoria de Tonicão, meu pai

A sabedoria de Tonicão, meu pai- Interrogações

Um dia belo dia, anos atrás, tomávamos o café da manhã em uma padaria aqui em Niterói. Eu, meu pai e uns amigos. Pouco mais e chega o Fernando Vida Fácil, à época, dono de uma imobiliária e trambiqueiro afamado em todo a região. Entra, cumprimenta todo mundo ( todo 171 é carismático e gosta de aparecer, reparem na imensa maioria de nossos políticos ), vira-se para meu pai, em alto e bom som, e diz:
- "Tonico, quero comprar seu posto ( meu pai tinha posto de gasolina ), agora, bota o preço?!"
Meu pai coçou a cabeça, pensou um pouco, e disparou:
- "Fernando pra você eu não vendo, eu "dô" o posto!
O Vida Fácil, meio aparvalhado com a resposta, pergunta:
- "Dá!?" Como assim?"
- "Ora, Fernando, você vai comprar e não vai me pagar, aí vou ter de mandar te matar, como não sou assassino e não quero virar um depois de velho, é melhor eu te dar o posto!"
Risadaria geral no estabelecimento. Fernando, vermelho e sem graça, diz:
-" Porra, Tonico, sacanagem!"- e tratou de caçar um rumo. Meses depois foi assassinado na porta de sua imobiliária. Por um cliente que havia passado para trás.

22 de novembro de 2012

Foi o maior e melhor exagerado pai do mundo! Obrigado, meu pai...Saudade!

Na  primeira foto , minha vó Bela, com seus filhos, Antonio ( Tonicão ) Lahud, meu pai e Ivan José Lahud, o tio Ivan. Na segunda, meu pai comendo "moderadamente", como sempre o fez.
Era exagerado em tudo, o Tonicão, em beber, comer, amar seus filhos, seus amigos, o seu Flamengo ( Ai...ai...nem os pais são perfeitos! ), em viver...
Saudade dos três, muitas! Meu pai é a maior saudade que tenho na vida, a maior falta. Foi o maior e melhor exagerado pai do mundo! Obrigado, meu pai...Saudade!

1 de março de 2010

Tonicão

Dia dos pais, minha mãe avisa a mim e meus irmãos que o pai viria mais cedo para jantarmos juntos em um restaurante. Era uma sexta-feira e estranhei a notícia pois meu pai não era dado a essas comemorações- achava puro comércio, comerciante que era.
Marcou para 20hs.
Antonio Lahud, era seu nome de batismo, Tonicão para todos. Pesava cerca de 110ks, quando magro, o normal era por volta de 120ks distribuidos com fartura por cerca de 1,80m de altura. Não vou falar mais, a história que vou contar dirá quem e como ele era.

Todo mundo pronto, esperando sua chegada e...nada. Deu 9hs,10, 11, meia-noite e nada.
- Sabia- diz a mãe, hoje é sexta-feira, deve estar bebendo com os amigos e esqueceu da gente, vou preparar alguma coisa para vocês comerem. Quando ele chegar vai se ver comigo, deixa ele!- exclamou e saiu furinbunda, rumo à cozinha.

Todos de cara feia, com fome, sexta-feira perdida quando entra o pai- já meio alto, uma sacola em umas das mãos, na outra um pequeno embrulho.
- Poxa pai- digo- começando a reclamar.
- Ninguém fala nada- eu explico, mas antes peguem uma cerveja para mim. Minha irmã foi lá pegou a cerveja, serviu e sentamos para ouvir a explicação:
- Demorei por causa disso aqui- disse- colocando o pequeno embrulho por sobre a mesa.Ganhei de presente dos meninos lá do posto- completou, já chorando.

O presente era uma carteira de dinheiro, daquelas feita em plástico barato, e os meninos eram dois garotinhos negros e muito pobres que ficavam calibrando pneus lá no posto. Eram simpáticos e meu pai logo se tomou de amores pelos dois. Passou a dar almoço, comprou camisa do Flamengo e acompanhar os estudos...essas coisas de pai.
- Mas por que está chorando?- indaguei.

- Vocês não entendem- disse ele- quando estava saindo do posto os meninos vieram e me deram a carteira de presente pelo dia dos pais, compraram com o dinheirinho que ganham lá, calibrando pneus.

- E aí?- perguntei.

- Aí me deram um abraço e um beijo; não aguentei comecei a chorar, botei os dois no carro e levei eles para jantar em um restaurante- nunca tinham ido em um, comeram à vontade, tomaram sorvete, uma farra danada. Depois comprei seis galetos para cada um levar pra casa e comprei mais seis pra vocês: tão aí nessa sacola. Foi isso que aconteceu, agora podem zangar...terminou- ainda chorando.

Como que combinados, levantamos os três, eu, meu irmão e minha irmã e fomos dar um abraço no velho- todos com lágrimas nos olhos!

As lágrimas que escorrem em meu rosto agora não são só de tristeza e saudade por sua ausência, não pai; são antes lágrimas de alegria por ter sido você o meu pai...

Saudades...


Fiz essa crônica há algum tempo atrás, hoje como é dia dos pais resolvi republicar. A história é verdadeira e meu pai, entre tantas, talvez seja a maior saudade que carrego dentro do peito.
  Abraço, velho...saudades, muitas!!!