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20 de abril de 2013

Um Zé Qualquer

Um Zé Qualquer- Interrogações

Um Zé Qualquer
Silvia Britto

Ele me chegou do nada, porém muito me falou.
Falou-me de infância, luares, lugares.
Falou-me de amigos, amores e dores.
Ele me chegou de mansinho e devagarinho ficou.
Fez com que eu chorasse de rir e de prazer.
Mandou-me embora. Implorou-me de volta.
Confessou-me a alma autista e a mente egoísta.
Arrancou-me do peito o mais doído pranto.
Encantou-me a alma com o mais terno acalanto.
Beijou-me. Possuiu-me. Roubou-me de minha solidão.
Ele me chegou do nada, porém muito perguntou.
E muito, também eu, falei.
Entreguei-lhe minha vida boêmia e meu corpo profano.
Chorei, ri, chorei, dancei, chorei, cantei e chorei. E chorei.
Ele me chegou do nada, porém logo se instalou.
E ganhou-me para sempre, ao sussurrar-me ao ouvido,
Sem o menor esforço ou imposição, 
Sua primeira confissão de amor,
"Eu te amo, peste!".
Também eu te amo, Zé Qualquer. 
Um Zé Qualquer que não é qualquer Zé.
É meu. É seu. É nosso. É Zé.

 
Silvia Britto                                Outono de 2013