Não vejo seu rosto mas conheço suas mãos que tantas vezes me
couberam menina manhosa sem sorvete de casquinha.
Ainda que eu não veja seu rosto, sinto o calor do seu abraço
generoso mais reconfortante que chocolate quente feito pela mãe da gente, em
dias de chuva e frio.
Sei dizer exatamente que tamanho tem o seu coração
barulhento recheado de relíquias, amores e saudade, no melhor estilo Rococó.
Vejo teu corpo que nunca está por perto apesar de você estar
sempre presente, mesmo que eu não veja o teu rosto.
Lá longe, entre frestas, enxergo ainda seu cérebro, amante do bom sexo,
cheio de pensamentos complexos mas, nunca, nada sem nexo.
E por fim, enxergo a sua alma clara, que só quem é CLARAvidente
pode ver...NÃO PRECISO ver seu rosto. Tenho certeza de que é você e que está chegando... (Clara Gurgel)