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17 de abril de 2015

Recordações de minha infância em São José do Calçado

Recordações de minha infância em São José do Calçado

O recorte é do jornal A Ordem, de São José do Calçado (ES), a cidade onde nasci. Deve ser do início da década de 60 do século passado. o Torneio do Trabalhador é disputado até hoje, todo dia 1º de maio, por diversas equipes das fazendas e distritos do município de Calçado.
O primeiro anúncio, no alto e à esquerda da tela, é da Casa Libaneza, de meu pai, Antonio Lahud, conhecido por todos como Tonicão. Dele é a maior saudade que tenho na vida.
O Bar São Sebastião, do outro lado, era conhecido, na verdade, como o Bar do Tião Cabrito.
Alguém passava na porta do boteco e gritava: "Fala, Cabrito?! Lá de dentro vinha sempre a mesma resposta: "Cabrito é a puta-que-te-pariu, seu filho-da-puta!"
Passei minha infância inteira ouvindo essa ladainha o dia todo, pois éramos vizinhos do bar e o Cabrito grande amigo e compadre de meu pai.
Saudade de minha terra querida.


3 de setembro de 2013

No casamento da "cabritinha" quem foi louvado foi o padre

No casamento da "cabritinha" quem foi louvado foi o padre

Tião Machado foi proprietário do botequim mais famoso de São José do Calçado por muitos anos. Virou um personagem folclórico na região por conta de seu apelido: Tião Cabrito. Passava o dia em seu estabelecimento, sempre bebendo pequenas doses de cachaça em um copo que mantinha separado. Para uso exclusivo do dono.
Magro, alto, nariz adunco, sua silhueta lembrava um cabrito, daí o apelido. Que odiava. Xingava em alto e bom som quem o chamasse pelo apodo.
E era o dia todo a mesma ladainha, um passava na porta do bar e dizia: "Fala Cabrito?!"
O vitupério vinha em seguida em altos brados: "Cabrito é a puta-que-te-pariu!"
No casamento da Márcia, sua única filha em um lote de cinco homens ( ou serão cabritos? ), meu pai, Tonico, que era amicíssimo do Tião e padrinho do Paulinho Cabrito ( o apelido virou sobrenome ), foi convidado pelo amigo para ser um dos padrinhos de sua filha querida.
Já morávamos em Niterói e um dia chega o Mauro do Juquita no posto de gasolina de meu pai. Portava um bilhete do padre Amando que dizia o seguinte: "Tonico, compra uma batina nova para mim no Rio. Vou usá-la para realizar o casamento da Cabritinha.. Abraço."
Tonicão, que adorava uma molecagem, guardou o bilhete. Quando chegou em Calçado para o casamento, foi direto ao bar do Cabrito, tirou o bilhete e disse ao Tião: "Aí, "cumpadre" até o padre Amando te sacaneia, chamou a Márcia de "Cabritinha" no bilhete que me mandou... E leu o conteúdo do explosivo opúsculo para todos que estavam no bar. Risadaria geral. O Cabrito trunfou a cara e assim ficou. Emburrado.
Lá pelas tantas, padre Amando, que era  fumante inveterado, entra no bar para comprar cigarro. Não sabia que o Tião já tinha tomado conhecimento de seu irônico bilhete.
Quando o Cabrito viu a presença do sacerdote, vestido com sua inseparável batina preta, foi logo descarregando a raiva que estava atravessada em sua "virtuosa" garganta: "Padre Amando, o senhor também é um grande filho-da-puta!... Cabritinha é a puta-que-te-pariu!"
O bar veio abaixo! O padre deu meia volta e bateu em retirada, sem antes dizer entredentes para meu pai: "Você me paga!"
E foi assim que no casamento da "cabritinha", quem foi louvado foi o padre.