Brasil, de país de craques a país do crack ( acordei com um morto na porta de casa )

As fotos são de dependentes do crack dormindo na Rua Moreira César ( Icaraí ), onde está localizado o melhor e mais rico comércio de Niterói. As duas últimas são do corpo de um homem assassinado que estava a uns 20 metros de onde moro hoje bem cedo. O corpo estava abandonado com tiros no peito e muito machucado. Tirei as fotos antes da polícia ou os bombeiros chegarem. Uma pessoa me informou que ele foi assassinado por traficantes do Morro do Cavalão por dívidas referentes ao consumo de drogas e "desovado" aqui na esquina.
O Brasil está deixando de ser o país dos craques de futebol ( somos hoje o 18º colocado no ranking da FIFA ) para se transformar no país dos dependentes do crack. Neste quesito somos certamente uns dos primeiros do mundo, talvez o primeiríssimo.

Eu vejo a desesperança vagando todos os dias

Eu vejo a desesperança vagando todos os dias
Nos olhos secos de homens mulheres crianças
Que caminham sem norte ( em busca da morte ) pelas ruas da cidade
A procurar  nada apenas andam andam andam desandam
Até conseguirem algum dinheiro para sustentar seu vício
Trocaram sua alma seu espírito sua dignidade seu futuro
Por uma pedra que para eles vale mais que o mais valioso diamante
Chamam-na de crack a escravidão que os faz seguir adiante
Andando pedindo implorando esmolando se humilhando
O que fazer? Primeiro chorar... Depois não sei...
Mas precisamos fazer alguma coisa se nos resta alguma humanidade no coração
Quem sabe estendermos as mãos e com elas formamos uma imensa corrente de amor e solidariedade
Que faça retornar aos olhos secos dos dependentes um brilho ainda que tênue de esperança
E juntos possamos dar loas às vidas que renascem ao derramar dos olhos dantes secos
Lágrimas de ternura de gratidão de soerguimento em corações quebrados por uma pedra maldita
Que transforma seremos humanos em desertos sem vida em vida indigna de ser vivida como escravos dolentes de sua adicção. E nós sem ação a olhar a destruição que nos rodeia.

Como pode um jovem não ter futuro em seu olhar?

Todos os dias eu os vejo sentados na calçada.
Jovens, talvez quinze, dezesseis anos.
Sujos, aparência envelhecida. Pedem esmola.
Vítimas do crack. "Cracudos" me disseram com frieza.
Inúteis, na verdade, quis dizer meu informante. Indignos da vida.
Outro dia fiquei reparando os dois. Ansiosos. Desassossegados.
Nervos esfrangalhados pelo vício.
Um deles me olha. Olhar vago. Seco. Sem viço. Sem futuro...
Como pode um jovem não ter futuro em seus olhar?
Nem dor havia. Nada. Vazio...Sem futuro. Sentado na calçada.

Usineiros suspeitos de pagarem trabalhadores com pedras de crack

"A Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH) vai pedir aos ministérios do Trabalho, da Justiça e da Saúde uma inspeção em canaviais na região de Araraquara (SP) para investigar denúncia de que pedras de crack estão servindo de pagamento para cortadores de cana dependentes da droga."
Eu custo a acreditar quando leio um troço desta monta, é impressionante o que o ser humano é capaz de fazer por dinheiro, pelo lucro fácil, explorando as fraquezas de seus semelhantes. Isto tem de ser investigado com rigor e, se for confirmado, os responsáveis têm de ser punidos com rigor exemplar!
Os romanos pagavam suas legiões com sal, dai a origem da palavra salário, será que nós , brasileiros, inventamos o "crackário"?
Fiquei enojado quando li a notícia, a simples suspeita do fato já é lamentável, se confirmada, é, me desculpem, mas nem sei o que dizer...

A notícia completa está no Jornal do Senado