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24 de janeiro de 2014

Ser pai e ser avô

Ser pai e ser avô
Pai tem amar,
cuidar,
tratar,
brincar,
educar, 
dizer não...

Avô tem de amar,
paparicar,
dar "porcaria",
brincar,
"deseducar",
dizer sim...

Por isso dizem
os espertos netos:
Eu quero meu vô!
Já vô...

27 de dezembro de 2012

A alegria não tem idade

A alegria não tem idade
Silvia Britto

Lá ia eu no ônibus, a caminho do trabalho, sentindo-me numa montanha-russa de emoções. Nos poucos minutos que separam a Urca de Copacabana, consegui atingir a proeza de chorar de solidão, palpitar de paixão, sucumbir à tristeza e encher-me de alegria e esperança. E foi como desci do ônibus. Exultante e feliz, agradecendo  a meu Piccolo Dio por estar viva e ser capaz de sentir todas essas emoções que essa tal de vida nos oferece.

Cheguei ao prédio onde trabalho e, como sempre, dei um bom dia sorridente ao porteiro e à ascensorista. Essa última perdeu um filho há poucos meses. Ele simplesmente desistiu de viver e acabou com a própria vida. Com a dele e com a dos que o amavam. Mas não me cabe julgá-lo. Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é. Sua mãe e eu conversamos pouquíssimo sobre o assunto. Apenas pelos poucos minutos em que espero pelo elevador no térreo. Mas foram minutos mais do que suficientes para travarmos uma intensa relação de mulher para mulher, mães da vida. Ela identificou em mim uma pessoa que a entendia instantaneamente, com pouquíssimas palavras.

Hoje, também como sempre, eu lhe disse: "Bom dia minha flor!". "Bom dia Doutora! Linda como sempre; parece uma menininha!" E nos abraçamos e beijamos como duas meninas sempre fazem. A tudo assistia um senhor, de já lá seus oitenta anos. Ele brincou:

-"Sabem por que as mulheres se beijam? Para não se morderem!"

Como nasci sem alguns genes, dentre eles o da "fica-quietice", retruquei: "Não!!! Nós amamos do nosso jeito e mordidas também fazem parte!"
E continuei brincando: “É pura inveja sua porque não pode beijar também!”
E entramos os dois no elevador, deixando a ascensorista no térreo, a cuidar de seus elevadores.

O senhor era dos meus. Continuou brincando e disse: "Agora estou com medo de ficar aqui sozinho no elevador com você!" Caí na gargalhada e perguntei-lhe se por acaso eu tinha cara de quem atacava homens indefesos no elevador. Ele riu e respondeu que, infelizmente, não.

Confessei-lhe que adorava levar a vida rindo e brincando e ele me disse que era muito bom ver pessoas ainda tão jovens (?! Isso era para mim?!) que já haviam percebido que essa era a idéia. Seguiu dizendo que tentara passar isso aos seus filhos e netos  mas que, infelizmente, sentia que  falhara.

Cheguei ao meu andar e, antes de sair, disse-lhe que não. Ele não falhara. Eles é que ainda não haviam adquirido a sabedoria de ouvi-lo. E me despedi mandando-lhe um beijo soprado com uma piscadela. Ele sorriu e mandou-me outro de volta. E seguiu seu caminho, andar acima. Simples assim. Mais uma das minhas pequenas coisas.