Totó, depois que virou intelectual, anda enchendo a cabeça de Jilozinho, que já não aguenta mais ouvir as caraminholas que o amigo anda tentando enfiar em sua cachola. Me ligou lá de Calçado, desesperado, dizendo que Totó desregulou de vez. Como Totó não tem me ligado resolvi tomar pé da situação e liguei pra ele.
- Tudo bem, Aristides?
- Se tô bem ou não é um problema epistemológico de meu ser vivente e seu ser inconsequente não tem nada com isso. E não gosto que me ligue, quando quiser falar com você eu ligo, eu agora estava meditando e você, mal-educado como sempre foi, me desconcentrou, estou terminando de ler a Revolução Permanente, do Trotsky e depois vou à missa, eu agora sou um ateu-cristão e tenho de conciliar meu ateísmo com minha fé, que não vou abandonar nunca.
- Ateu-cristão...dá pra me explicar o que é isso?
- Quer parar de me interromper, quando está perorando meu ser vivente não gosta de ser aparteado por um ser vivente burrinho como você; ateu-cristão é um ateu que acredita em Deus: Eu! Estou até pensando em criar um grupo de estudos: Os ateístas-teístas, se você com sua parca inteligência puder perceber, a única diferença é um A a mais que há na palavra ateísta, nada que impeça a fusão das duas escolas filosóficas, faltava um ser vivente com inteligência superior como mim para perceber tamanha obviedade. E tem mais, vou acabar com essa brigalhada entre cristãos e muçulmanos, já escrevi para meus irmãos seguidores do profeta Maomé e para iniciar a paz entre nós sugeri como medida inicial que mudem o nome de Maomé para Bomomé, afinal ele era um bom e não um mau homem, e tudo se inicia pelo verbo. Agora você vai à merda que eu vou à missa. Fui...
É...o Jilozinho deve estar sofrendo como o pão que o diabo amassou...