E houve um homem, negro, pobre e frágil. E o homem, negro, pobre e frágil, ousou levantar a voz contra os poderosos- brancos, ricos e fortes. E o homem, negro pobre e frágil, o que fez? O que disse? Ousou dizer: Eu sou negro, pobre e frágil. Vocês são brancos ricos e fortes. E somos iguais. Todos nós...
Insolente! Negro insolente! Às masmorras! E jogaram o homem, negro, pobre e frágil em seus cárceres: fétidos, ultrajantes, indignos de um homem, branco, rico e forte. Não resistiu, o homem, negro, pobre e frágil. Sabia que a igualdade, a liberdade, a dignidade, a grandeza de caráter, a certeza dos justos, não podem ser aprisionadas. Prenderam seu corpo, apenas. E de lá, da ignomínia da injustiça, isolado de tudo e de todos- a não ser de seus carrascos- o homem negro, pobre e frágil, resistiu e viu seus ideais se espalharem por todos os cantos. Somos iguais,ouvia-se em um canto qualquer de África... Somos iguais, ressoava nos guetos do Harlem... Somos iguais, cantavam numa favela do Rio...Somos iguais, vociferavam os estudantes nas barricadas de Paris... Somos iguais, bradava o Che, perdido nos altiplanos bolivianos... Eu tive um sonho: somos iguais- discursava Martin Luther King ... E o grito se espalhou... O homem, negro, pobre e frágil resistiu por vinte e sete intermináveis anos. Mas o brado chegava a seus ouvidos: Somos iguais! Somos Mandela!
Venceu, o homem, negro, pobre e frágil. Olho uma foto do homem,negro, pobre e frágil e penso: nunca fomos tão desiguais e, no entanto, somos iguais...Somos Mandela!
PS: Fiz esse texto em 16/07/2010, republico agora em homenagem ao grande Mandela, que acaba de falecer. Que seu exemplo frutifique e consigamos construir um mundo mais solidário e justo. Somos Mandela, sempre!