Minha mente anda meio dispersa nos últimos dias, e mente para mim, sempre
fui assim, capaz de me concentrar absurdamente em algo que me interesse e
esquecer o mundo à minha volta. O que não é bom.
Tem um fato que me intriga até hoje, quando fui fazer o primário ainda não
tinha completado sete anos, sou de julho e não sabia ler, mas adorava ouvir minha
mãe lendo para mim, desde muito pequenino, pois muito bem, eu era o melhor aluno
da sala em leitura e...não sabia ler!
Um dia Dona Merinha, minha professora, estava indo para o grupo escolar e
quando passava em frente à loja de meu pai minha mãe a chamou e perguntou:
- Merinha, como vai o Zé Antonio?
- Ah, Carmem, ele é uma gracinha ( sou mesmo! ) lê que é uma beleza, aprendeu
primeiro que todo mundo. Passo o ditado e ele lê tudo sem errar nada!
- Ele não sabe ler, Merinha- disse minha mãe.
- Como não sabe?! Não estou dizendo que ele é meu melhor aluno!- retruca Dona Merinha.
- Vem cá- diz minha mãe-, me chama, pega uma revista O Cruzeiro, abre em uma reportagem e me manda ler.
Não li nada, não sabia.
- Mas como pode?!- diz a professora.
- Também não sei, mas ele decora o que você dita e depois repete tudo, como
ele faz não tenho a mínima ideia!- diz minha mãe
E lá fui eu tomar aulas particulares com Dona Merinha para aprender a ler.
Aprendi rapidinho.
Bicho complicado o tal do gênio! Ainda que modesto, como eu e meu parceirinho
Einstein. Fui...