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Por vinte não toco, só toco por dez
Estou aqui divagando e a mente vai lá em São José do Calçado, minha terra querida, e me lembro de uma história que meu pai adorava contar. Ele, à época, meados dos anos sessenta do século passado, era presidente do Montanha Clube- foi o presidente-fundador do clube- e estava discutindo com o Tônio Sá Vianna, trombonista dos "bão" e maestro da banda que tocava no carnaval, os valores do contrato para a banda tocar no carnaval que se aproximava. Com o Tônio estava o Zé Cobrinha, seu sobrinho, e com certa deficiência mental- não sei se se manter puro, sem maldade, com a mente alegre de uma criança é ser deficiente, creio que deficiente somos nós, em nosso "adultice" feia-, mas voltemos ao Zé Cobrinha- que tem ( está vivo!) cerca de 1,65 metro, roliço, conversado e simpático-, após acertar os valores do contrato com meu pai, Tônio se vira para o Zé e diz: - Zé, vou te dar Vinte Cruzeiros pra você tocar o reco-reco na banda.
Não prestou, Zé Cobrinha, indignado, protesta veeementemente com sua voz fina e grave:
- Não toco! Nem morto! Por vinte não toco de jeito nenhum!
- Quanto você quer então?- pergunta o Tônio.
- Só toco por dez!- responde convicto o nosso doce Zé Cobrinha.
Após boas gargalhadas de meu pai e do Tônio, o Zé foi contratado, pelos dez que exigiu, claro!
Obs: Zé Cobrinha é o último, à direita na foto, e o único que não é da família Sá Vianna, na foto, é o Alcides Paraíba.
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