Quando está lento o talento,
que já não é dos maiores,
o que resta-me é rir do mundo,
e cometer um
poema vagabundo,
para
debochar de tanto poder imundo.
Nada é mais
ridículo que os salamaleques
do poder. Como não tenho poder, mas sou
um tanto
quanto moleque, rir é o que mais me apetece.
Um dia- de
preferência à noite- a morte virá a todos igualar,
em sua
grotesca frieza. E lá estará, esticado e gelado, o todo-poderoso,
tal qual o
mendigo da cova-rasa um pouco mais acima. Acima do todo-poderoso,
o pedinte passará à eternidade. É ou não é para
rir das ironias deste mundo vagabundo?