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27 de janeiro de 2023

15 de fevereiro de 2022

Terra injusta e vil

 Terra da escravidão,

do genocídio indígena,

da normatização das injustiças.


Terra que se diz cordial,

mas trata pobre

como reles animal.


Terra dita "alegre",

onde dança-se

sobre insepultos cadáveres 

de seculares matanças.


Terra injusta e vil,

com nome de árvore,

um tal pau- tão injusto-

Brasil...



3 de fevereiro de 2022

Só um pouco

 Morrer... Só um pouco. Cicatrizar dores. A vida tanto machuca que devíamos ter o direito de mortes várias. Por horas... Por dias... Por meses... Por anos... Por décadas... Por fim... O fim.

6 de janeiro de 2022

Os Estatutos do Homem- Thiago de Mello

 

Os Estatutos do Homem

(Ato Institucional Permanente)

A Carlos Heitor Cony


Artigo I.
Fica decretado que agora vale a verdade.
que agora vale a vida,
e que de mãos dadas,
trabalharemos todos pela vida verdadeira.

Artigo II.
Fica decretado que todos os dias da semana,
inclusive as terças-feiras mais cinzentas,
têm direito a converter-se em manhãs de domingo.

Artigo III.
Fica decretado que, a partir deste instante,
haverá girassóis em todas as janelas,
que os girassóis terão direito
a abrir-se dentro da sombra;
e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,
abertas para o verde onde cresce a esperança.

Artigo IV.
Fica decretado que o homem
não precisará nunca mais
duvidar do homem.
Que o homem confiará no homem
como a palmeira confia no vento,
como o vento confia no ar,
como o ar confia no campo azul do céu.

Parágrafo Único:
O homem confiará no homem
como um menino confia em outro menino.

Artigo V.
Fica decretado que os homens
estão livres do jugo da mentira.
Nunca mais será preciso usar
a couraça do silêncio
nem a armadura de palavras.
O homem se sentará à mesa
com seu olhar limpo
porque a verdade passará a ser servida
antes da sobremesa.

Artigo VI.
Fica estabelecida, durante dez séculos,
a prática sonhada pelo profeta Isaías,
e o lobo e o cordeiro pastarão juntos
e a comida de ambos terá o mesmo gosto de aurora.

Artigo VII.
Por decreto irrevogável fica estabelecido
o reinado permanente da justiça e da claridade,
e a alegria será uma bandeira generosa
para sempre desfraldada na alma do povo.

Artigo VIII.
Fica decretado que a maior dor
sempre foi e será sempre
não poder dar-se amor a quem se ama
e saber que é a água
que dá à planta o milagre da flor.

Artigo IX.
Fica permitido que o pão de cada dia
tenha no homem o sinal de seu suor.
Mas que sobretudo tenha sempre
o quente sabor da ternura.

Artigo X.
Fica permitido a qualquer pessoa,
a qualquer hora da vida,
o uso do traje branco.

Artigo XI.
Fica decretado, por definição,
que o homem é um animal que ama
e que por isso é belo.
muito mais belo que a estrela da manhã.

Artigo XII.
Decreta-se que nada será obrigado nem proibido.
tudo será permitido,
inclusive brincar com os rinocerontes
e caminhar pelas tardes
com uma imensa begônia na lapela.

Parágrafo único:
Só uma coisa fica proibida:
amar sem amor.

Artigo XIII.
Fica decretado que o dinheiro
não poderá nunca mais comprar
o sol das manhãs vindouras.
Expulso do grande baú do medo,
o dinheiro se transformará em uma espada fraternal
para defender o direito de cantar
e a festa do dia que chegou.

Artigo Final.
Fica proibido o uso da palavra liberdade.
a qual será suprimida dos dicionários
e do pântano enganoso das bocas.
A partir deste instante
a liberdade será algo vivo e transparente
como um fogo ou um rio,
e a sua morada será sempre
o coração do homem.

Santiago do Chile, abril de 1964


Amadeu Thiago de Mello(1926) é um poeta e tradutor brasileiro natural do Estado do Amazonas, é um dos poetas mais influentes e respeitados no país, reconhecido como um ícone da literatura regional. Tem obras traduzidas para mais de trinta idiomas.

Publicado no livro Faz Escuro Mas Eu Canto: Porque a Manhã Vai Chegar (1965).

In: MELLO, Thiago de. Vento geral, 1951/1981: doze livros de poemas. 2.ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 198

14 de dezembro de 2021

A vida que vivi

Eu...

Bem...

Eu...

Nunca

No mundo

Me encaixei...

Não é assim que dizem dos inadequados?

Um pária...

Sem fé...

Sem pátria...

Sem religião...

Sem absolutas certezas ideológicas

São ilógicas...


Ah, os amores...

Tive-os!

Mas foram-se...

Uns por excesso de paixão.

Outros, por falta dela.


E assim resumi

Em trôpegos versos

A vida que vivi...




11 de dezembro de 2021

Ando com saudades do Brasil

Ando com saudades

Do Brasil...

Do meu Brasil!

O que nunca existiu...

O Brasil que ousei sonhar.

Mais justo!

Mais solidário!

Mais "moleque"!

Mais feliz!

Mais alegre...

😓

25 de novembro de 2021

Uma só noite

 Uma só noite

De ti

E nunca mais

Tive paz 

💔💔💔💔💔💔

A casa da vó Nedina

 A casa da minha vó Nedina (Enedina) era feita só de amor. Dos tijolos, à pintura, aos pisos. Na casa da vó Nedina moravam ela, meu vô Djalma, a Geni, e todo o amor do mundo.

A casa da vó Nedina, minha avó materna, era uma morada simples, uma casinha sem luxos, com um imenso quintal. Mas a casa da vó Nedina era envolta no mais puro amor. Em nenhum outro lugar deste mundo eu me senti tão amado e feliz.

A casa da vó Nedina não existe mais... Nem os que a habitavam... Mas a casa da vó Nedina vai existir enquanto meu coração bater a imensa saudade que tenho...da casa da vó Nedina!

❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️


24 de novembro de 2021

Amo gentes, não chãos (II)

 eu, de há muito, sou um pária

não tenho mãe, pai ou pátria
todos morreram
a última de desamor
minha pátria é o mundo
que carrego
em minha sacola de vagabundo
amo gentes
não chãos
amo os errantes
que me dizem o rumo certo
amo os poetas
que cantam minhas cores e dores
amo a solidão
onde guardo meus desamores
amo as mulheres
que são sensíveis e belas
não tenha pátria amada
para matar em seu nome vão
amo gentes
não chãos...
Zatonio Lahud


21 de outubro de 2021

E sonho

 Todos os sonhos

De um mundo

Mais humano e justo

Que um dia tive

Viraram pesadelo...

Mas vivo

Ainda estou

E sonho...
💔💔💔💭💭💭💔💔💔💭💭💭

20 de outubro de 2021

A covardia de uma Nação

 Um dia

Em um futuro
Não tão distante
Os que olharem
O Brasil de Bolsonaro
Espantados, hão de exclamar:
Por que tantos o apoiaram?!
Por que tantos se calaram?!
Por que deixaram um monstro no poder?!
Por que tanta covardia?!!
Por quê?! Por quê?! Por quê?!
Por que uma Nação tanto se acovardou?!

A covardia de uma nação


17 de outubro de 2021

Amigo fascista quero ter não

 Tenho amigo nudista

E amigo budista

Tenho até

Amigo flamenguista

Mas amigo fascista

Quero ter não...

Isso não é boa bisca

Diria meu sábio vô

💩💩💩😡😡😡💣💣💣😈😈😈🙈🙈🙈🙉🙉🙉🙊🙊🙊


27 de setembro de 2021

Mente, o presidente

Só mente, o presidente
Bolsonaro, diariamente, mente.
Mente desavergonhadamente pra toda nossa indigente gente!
Mente que nem sente,
o genocida demente!
Mente deslavadamente,
o fascista prepotente!
Mente impunemente,
o sociopata presidente!

Mente despudoramente,
o primeiro-corno impotente!
Infelizmente, o infeliz mente até
quando está com dor de dente!
💩💩💩😶😶😶😡😡😡😨😨😨😈😈😈💣💣💣

29 de julho de 2021

Pobre pátria

Sem empatia

Sem compaixão

Sem piedade

Sem educação

Um homem boçal

Um homem ignaro

Este é o presidente do Brasil

Batizado Jair Messias Bolsonaro


Pobre pátria

Tão injusta 

Tão sofrida

Tão saqueada

Tão vilipendiada

Tão desamada

Tão...

19 de julho de 2021

A vida- Mário Quintana

 Mario de Miranda Quintana (1906 - 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado o "poeta das coisas simples", um dos maiores poetas brasileiros do século XX.

Mario de Miranda Quintana (1906 - 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado o "poeta das coisas simples", um dos maiores poetas brasileiros do século XX.


6 de junho de 2021

dos arrependimentos meus

dos arrependimentos meus

os mais doloridos

são sobre

as generosidades que não cometi

os abraços que soneguei

as risadas que engoli em seco

os beijos que errei

as saudades que me faltam

os bons amigos que não fiz



24 de abril de 2021

20 de abril de 2021

Vai passar

 Vai passar...

A tragédia

Da estupidez

Da ignorância

Da desídia

Que fez o Brasil

 Refém do ódio


Vai passar...

E cantaremos novamente

A alegria de sonharmos

Sonhos lúdicos

A alegria de abraçar um estranho

Tão humano

Como nós

E caminharemos juntos 

Ao solidário futuro

Sonhado por homens puros

De corações generosos

Vai passar...