Cada canto
Da casa
Lembrava-lhe
Terra da escravidão,
do genocídio indígena,
da normatização das injustiças.
Terra que se diz cordial,
mas trata pobre
como reles animal.
Terra dita "alegre",
onde dança-se
sobre insepultos cadáveres
de seculares matanças.
Terra injusta e vil,
com nome de árvore,
um tal pau- tão injusto-
Brasil...
Morrer... Só um pouco. Cicatrizar dores. A vida tanto machuca que devíamos ter o direito de mortes várias. Por horas... Por dias... Por meses... Por anos... Por décadas... Por fim... O fim.
Eu...
Bem...
Eu...
Nunca
No mundo
Me encaixei...
Não é assim que dizem dos inadequados?
Um pária...
Sem fé...
Sem pátria...
Sem religião...
Sem absolutas certezas ideológicas
São ilógicas...
Ah, os amores...
Tive-os!
Mas foram-se...
Uns por excesso de paixão.
Outros, por falta dela.
E assim resumi
Em trôpegos versos
A vida que vivi...
Ando com saudades
Do Brasil...
Do meu Brasil!
O que nunca existiu...
O Brasil que ousei sonhar.
Mais justo!
Mais solidário!
Mais "moleque"!
Mais feliz!
Mais alegre...
😓
A casa da minha vó Nedina (Enedina) era feita só de amor. Dos tijolos, à pintura, aos pisos. Na casa da vó Nedina moravam ela, meu vô Djalma, a Geni, e todo o amor do mundo.
A casa da vó Nedina, minha avó materna, era uma morada simples, uma casinha sem luxos, com um imenso quintal. Mas a casa da vó Nedina era envolta no mais puro amor. Em nenhum outro lugar deste mundo eu me senti tão amado e feliz.
A casa da vó Nedina não existe mais... Nem os que a habitavam... Mas a casa da vó Nedina vai existir enquanto meu coração bater a imensa saudade que tenho...da casa da vó Nedina!
❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️❤️
eu, de há muito, sou um pária
Todos os sonhos
De um mundo
Mais humano e justo
Que um dia tive
Viraram pesadelo...
Mas vivo
Ainda estou
Um dia
Tenho amigo nudista
E amigo budista
Tenho até
Amigo flamenguista
Mas amigo fascista
Quero ter não...
Isso não é boa bisca
Diria meu sábio vô
💩💩💩😡😡😡💣💣💣😈😈😈🙈🙈🙈🙉🙉🙉🙊🙊🙊
Sem empatia
Sem compaixão
Sem piedade
Sem educação
Um homem boçal
Um homem ignaro
Este é o presidente do Brasil
Batizado Jair Messias Bolsonaro
Pobre pátria
Tão injusta
Tão sofrida
Tão saqueada
Tão vilipendiada
Tão desamada
Tão...
Mario de Miranda Quintana (1906 - 1994) foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Foi considerado o "poeta das coisas simples", um dos maiores poetas brasileiros do século XX.
dos arrependimentos meus
os mais doloridos
são sobre
as generosidades que não cometi
os abraços que soneguei
as risadas que engoli em seco
os beijos que errei
as saudades que me faltam
os bons amigos que não fiz
Vai passar...
A tragédia
Da estupidez
Da ignorância
Da desídia
Que fez o Brasil
Refém do ódio
Vai passar...
E cantaremos novamente
A alegria de sonharmos
Sonhos lúdicos
A alegria de abraçar um estranho
Tão humano
Como nós
E caminharemos juntos
Ao solidário futuro
Sonhado por homens puros
De corações generosos
Vai passar...