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8 de julho de 2015

À minha terra querida

À minha terra querida
São José do Calçado (ES)
Terra querida 
Zatonio Lahud

Estou aqui pensando no que escrever. A mente está dispersa. Quando estou assim viajo até minha infância. Tive uma infância feliz e tranquila na minha querida São José do Calçado, uma pequena, linda e aconchegante cidade que fica ao Sul do Espírito Santo, quase na divisa com o Rio de janeiro e não longe da de Minas Gerais. Futebol na rua com os amigos, jogar botão, pegar passarinho, banho de rio, jogar baleba (bola de gude), brincar de pique na praça,  roubar jabuticaba no quintal do Chico Vieira. Era livre.

Até que meu pai resolve mudar para Niterói. Fui do paraíso ao inferno. Passei um ano chorando. Só parava na hora de ir à escola. Nada até hoje me doeu mais que a brusca mudança.

Saudade é o tempo que não passa dentro da gente. E doía. A saudade das ladeiras sinuosas de minha terrinha amada. E doía. A saudade dos amigos, alguns perdidos para sempre na infinitude do mundo, mas guardados com carinho em meu coração. Não, não é uma dor que machuca, é dor que renova; antes proteção que dor. É lá, nos melhores 12 anos de minha vida, que procuro refúgio das dores sentidas- passadas, atuais e vindouras.

Arrancaram-me do meu paraíso como se arranca uma raiz do solo. Mas as sementes se renovam e renascem em meu coração. E quando brotam novamente, como agora, algumas lágrimas fugidias escorrem em meu rosto. Lágrimas de saudade, sim! Mas também de alegria por ter comigo cada ladeira de Calçado. Agora mesmo, estou descendo a Rua XV, vou ao poço do Chicão tomar um gostoso banho de rio. No caminho encontro o Zé Manada, a Cascuda e o Divino Zói de Sapo.

Escondo-me atrás do poste e grito: Cascuda!!! E lá vem ela, correndo e xingando todos os palavrões que conhece. Corro e escapo dela. Pouco mais à frente grito novamente: Divino Zói de Sapo!!! E lá vem ele, porrete na mão, tentando me pegar. Corro, feliz!, rumo ao Rio Calçado, que é o maior rio do mundo, não por ser o rio de minha aldeia, não, grande Fernando Pessoa, mas por ser o rio do meu coração, onde deságua toda a saudade que tenho de ti, terra querida, terna e eterna. São José do Calçado... Que deveria chamar-se São José da Saudade.



10 de dezembro de 2011

"Eu não vou fazer chouriço!"


São José do Calçado-ES, minha terra querida e linda

Em Calçado, quando não se tinha nada para fazer, íamos para o bar do Crissaff fazer nada. Num desses dias, tarde de sol a pino, passou o Calú com um litro de pinga debaixo do braço, subindo a ladeira da dona Dulce, na calçada do outro lado da rua. Tino saiu do bar e disse em alto e bom som: "Eh Calú, pinga num dá sangue não". Calú não se abalou e respondeu no mesmo tom: E quem disse que eu vou fazer chouriço?"
Os pinguços de Calçado eram autênticos!

Esta contada por meu amigo Juquita aconteceu mesmo, o  detalhe é que como não tínhamos o  que fazer passávamos o dia no bar do Crissaff e ai sempre, depois de tomarmos algumas,  aparecia o que fazer. Em geral: merda!
Bons tempos...Saudade!