Enquanto houver alguém Que rabisque um verso de amor Por mais simples e ingênuo Ainda haverá esperança De construirmos um mundo Mais solidário e justo.
Viro o verso pelo avesso, Não tenho medo do reverso. O que não rima, Não desanima. Você é meu exercício de desprendimento. Nada espero, nem idealizo. Somos tão diferentes que nos encontramos na outra ponta. E o encontro instiga, atiça, coça, roça assanha a sanha. Sei que vou morrer não sei a hora mas se vivo, viva o coração no pulso! Tomo gosto e ponho meu barco no mar. Hoje é dia do Círio de Nazaré. Nazinha que me proteja e vice versa! Faço o sinal da cruz, Reverencio Yemanjá e viro o verso pelo avesso... (Clara Gurgel)
a praça imensa e bela
praça de minha liberdade
onde vivia sem pressa
brincávamos com tranquilidade
não havia maldade
na praça de minha infância
pelada pique baleba
era tudo gritaria alegria amizade
a mais lúdica das orgias
mas temos de crescer e ir ao mundo
ver a tal da responsabilidade chegar
e a liberdade se acabar
longe da praça de calçado
onde nasci vivi brinquei
livre...livre...livre...livre...livre...
longe de ti nunca mais fui livre
praça querida
praça da minha infância
praça da minha alegria
praça da minha liberdade
não tenho pátria amada
tenho praça amada
eu choro saudade de ti
onde deixei a maior das liberdades
a da inocência...
era livre como palavras
sem vírgula acento e ponto
apenas palavras soltas
achadas no infinito
sem verso sem rima sem rumo
livres como não sou mais
praça da minha vida
A ausência- que nunca foi presença
agora é distância que pensei poder
encurtar. Ledo e amargo engano.
A música que mais marcou minha
vida foi Caçador de Mim, de Luís
Carlos Sá e Sérgio Magrão, cantada
por Milton Nascimento; no pior momento
de minha vida, há 16 anos atrás fiquei um tempão
sem ouví-la, de tanto que me machucava, agora estou
aqui ouvindo, curando outra dor, e só me resta
repetir os versos belos e deixar a dor se esvair...
Nada a temer
Senão o calor da luta
Nada a fazer senão
Esquecer o medo
Abrir o peito à força
Numa procura
Fugir às armadilhas da mata escura...