Confesso que me emocionei. Ao ver as escadarias do Palácio Tiradentes, onde funciona a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, a casa do povo, tomada alegremente pelo povo. Uma banda tocava marchinha, frevo, samba. Me aproximei e notei todos muitos brancos e louros. Era A Banda, grupo formado por dinamarqueses. Da capital do do país nórdico, Copenhagen. Tocavam com alegria, afinação e emoção. Percebi ali que música, qualquer ritmo dela, não está no sangue, como dizem alguns puristas. Mas na alma. Em sua parte mais bela e pura.
Pouco mais vem o Cordão do Boitatá, os músicos dinamarqueses se juntam ao cortejo. Milhares de pessoas, jovens, velhos, negros, brancos, turistas. Sem uma corda para isolar os músicos do povo, sem abadás, sem musas, sem seguranças, sem celebridades. Minto. As celebridades eram o povo e seus músicos. Uma simbiose emocionante Vi milhares de jovens cantando as velhas marchinhas, vi alegria em cada rosto, vi o carnaval feito pelo povo, que "carregava" os músicos. Vi o quanto podemos ser humanos quando o queremos.
Vi nosso povo feliz. E isso basta.
