31 de maio de 2020

João Saldanha conta como, dos pés mágicos de Garrincha, o "olé" saiu das touradas para o futebol

“Olé” nasceu no México  

“O Estádio Universitário ficou à cunha. Cem mil pessoas comprimidas para assistir ao jogo. É muito alegre um jogo no México. É o país em que a torcida mais se parece com a do Rio de Janeiro. Barulhenta, participa de todos os lances da partida.
Vários grupos de ‘mariaches’ comparecem. Estes grupos, que formam o que há de mais típico da música mexicana, são constituídos de um ou dois “pistões” e clarins, dois ou três violões, harpa (parecida com a das guaranias), violinos e marimbas. As marimbas são completamente de madeira, mas não vão ao campo de futebol, sendo substituídas por instrumentos pequenos. O ponto alto dos ‘mariaches’ é a turma do pistão, do clarim e o coro, naturalmente. No campo de futebol, os grupos amadores de ‘mariaches’ que comparecem ficam mais ativos em dois momentos distintos: ou quando o jogo está muito bom e eles se entusiasmam, ou, inversamente, quando o jogo está chato e eles “atacam” músicas em tom gozador. No jogo em que vencemos ao Toluca, que estava no segundo caso, os ‘mariaches’ salvaram o espetáculo.
O time do River era, realmente, uma máquina. Futebol bonito e um entendimento que só um time que joga junto há três anos pode ter. Modestamente, jogamos trancados. A prudência mandava que isto fosse feito. De fato, se ‘abríssemos’, tomaríamos um baile.
Foi um jogo de rara beleza. E não foi por acaso. De um lado estavam Rossi, Labruña, Vairo, Menéndez, Zarate, Carrizo. De outro, estavam Didi, Nilton Santos, Garrincha etc. Jogo duro e jogo limpo. Não se tratava de camaradagem adquirida em quase um mês no mesmo hotel, mas sim da presença de grandes craques no gramado. A torcida exultava e os ‘mariaches’ atacavam entusiasmados.
Estava muito difícil fazer gol. Poucas vezes vi um jogo disputado com tanta seriedade e respeito mútuos. Mas houve um espetáculo à parte. Mané Garrincha foi o comandante. Dirigiu os cem mil espectadores. Fazendo reagirem à medida de suas jogadas. Foi ali, naquele dia, que surgiu a gíria do ‘Olé’, tão comumente utilizada posteriormente em nossos campos. Não porque o Botafogo tivesse dado “Olé” no River. Não. Foi um “Olé” pessoal. De Garrincha em Vairo.
Nunca assisti a coisa igual. Só a torcida mexicana com seu traquejo de touradas poderia, de forma tão sincronizada e perfeita, dar um ‘Olé’ daquele tamanho. Toda vez que Mané parava na frente de Vairo, os espectadores mantinham-se no mais profundo silêncio. Quando Mané dava aquele seu famoso drible e deixava Vairo no chão, um coro de cem mil pessoas exclamava: ‘Ôôôôô’! O som do “olé” mexicano é diferente do nosso. O deles é o típico das touradas. Começa com um ô prolongado, em tom bem grave, parecendo um vento forte, em crescendo, e termina com a sílaba “lé” dita de forma rápida. Aqui é ao contrário: acentua-se mais o final ‘lé’: ‘Olééé!’ – sem separar, com nitidez, as sílabas em tom aberto.
Verdadeira festa. Num dos momentos em que Vairo estava parado em frente a Garrincha, um dos clarins dos ‘mariaches’ atacou aquele trecho da Carmem que é tocado na abertura das touradas. Quase veio abaixo o Estádio Universitário. Numa jogada de Garrincha, Quarentinha completou com o gol vazio e fez nosso gol. O River reagiu e também fez o dele. Didi ainda fez outro, de fora da área, numa jogada que viera de um córner, mas o juiz anulou porque Paulo Valentim estava junto à baliza. Embora a bola tivesse entrado do outro lado, o árbitro considerou a posição de Paulinho ilegal. De fato, Paulinho estava ‘off-side’. Havia um bolo de jogadores na área, mas o árbitro estava bem ali. E Paulinho poderia estar distraindo a atenção de Carrizo.
O jogo terminou empatado. Vairo não foi até o fim. Minella tirou-o do campo, bem perto de nós no banco vizinho. Vairo saiu rindo e exclamando: “No hay nada que hacer. Imposible” – e dirigindo-se ao suplente que entrava, gozou:
– Buena suerte muchacho. Pero antes, te aconsejo que escribas algo a tu mamá.
O jogo terminou empatado e uma multidão invadiu o campo. O ‘Jarrito de Oro’, que só seria entregue ao “melhor do campo” no dia seguinte, depois de uma votação no café Tupinambá, foi entregue ali mesmo a Garrincha. Os torcedores agarraram-no e deram uma volta olímpica carregando Mané nos ombros. Sob ensurdecedora ovação da torcida. No dia seguinte, os jornais acharam que tínhamos vencido o jogo, considerando o tal gol como válido. Mas só dedicaram a isto poucas linhas. O resto das reportagens e crônicas foi sobre Garrincha.
As agências telegráficas enviaram longas mensagens sobre o acontecimento e deram grande destaque ao ‘Olé’. As notícias repercutiram bastante no Rio e a torcida carioca consagrou o ‘Olé’. Foi assim que surgiu este tipo de gozação popular, tão discutido, mas que representa um sentimento da multidão.
Já tentaram acabar com o ‘Olé’. Os árbitros de futebol, com sua inequívoca vocação para levar vaias, discutiram o assunto em congresso e resolveram adotar sanções. Mas como aplicá-las? Expulsando a torcida do estádio? Verificando o ridículo a que estavam expostos, deixam cada dia mais o assunto de lado. É melhor assim. É mais fácil derrubar um governo do que acabar com o ‘Olé’.
Não poderia ter havido maior justiça a um jogador que a que foi feita pelos mexicanos a Mané Garrincha. Garrincha é o próprio ‘Olé’.
Dentro e fora de campo, jamais vi alguém tão desconcertante, tão driblador. É impossível adivinhar-se o lado por onde Mané vai ‘sair’ da enrascada. Foi a coisa mais justa do mundo que Garrincha tivesse sido o inspirador do ‘Olé’.
(João Saldanha. “Os Subterrâneos do Futebol”). [Fonte: Deixa Falar]
João Saldanha e Mané Garrinccha

29 de maio de 2020

Exclusivo: o primeiro poema publicado da lavra do poeta Bolsonaro

Vou botar aquele
Bando de velhos
Do STF
Pra jogar baralho
Lá na casa do caralho!

Vou mandar fechar o Congresso!
A putada toda  
Vai fazer discurso 
Lá na penitenciária de Bangu
E quem não gostar que vá tomar
No centro do olho do cu!

Vou distribuir é fuzil
Para o povo mandar 
Esse tal coronavírus
Junto com os comunistas
Que o defendem
Para a puta que os pariu!

Pode ser corno, puta
Viado, delinquente
Inteligente ou indigente
Quem manda em toda gente 
"É eu" 
O presidente!

E se não gostou do meu poema
Vá reclamar com o Zaratustra 
Seu grandíssimo filho de uma puta!


 






28 de maio de 2020

Saudade do tempo em que gado só mugia, pastava, servia pra fazer churrasco e não era fascista 👻

Saudade do tempo em que gado só mugia, pastava, servia para fazer churrasco e não era fascista.
🐃🐃🐂🐂🐃🐃🐂🐂🐃🐃🐂🐂👻

27 de maio de 2020

É verdade o que os Bolsonaro dizem de Witzel. É verdade o que Witzel diz dos Bolsonaro. Políticos também dizem verdades 😉

É verdade o que os Bolsonaro dizem de Witzel. É verdade o que Witzel diz dos Bolsonaro.
Políticos, às vezes, muito raramente, também dizem verdades. 😉

É verdade o que os Bolsonaro dizem de Witzel. É verdade o que Witzel diz dos Bolsonaro. Políticos também dizem verdades. 😉

Bolsonaro combate o combate à corrupção

Bolsonaro, durante seus 27 anos de nulidade como deputado federal, sempre fez parte do que era chamado o "baixo clero" da Câmara dos Deputados. O atual "centrão". Soube aproveitar o medo da violência e o ódio de boa parte dos brasileiros ao PT e acabou presidente. Sua principal promessa era o combate à corrupção, como Jânio Quadros e Fernando Collor. Defensor da ditadura militar, de milícias, de torturadores, seu discurso radical agradava à boa parte de uma população aterrorizada pelo medo da violência, que grassa por todo o país. Um dos grandes erros de todos os governos pós-redemocratização do país, foi verem a segurança pública como assunto secundário, coisa de gente autoritária, saudosa da ditadura militar. A inoperância dos governos democraticamente eleitos, todos eles, repito, nesse quesito, talvez tenha sido o maior general (cabo é pouco) eleitoral de Bolsonaro. O medo tira a razão, junto com ódio, gera insanidade. Algum candidato mais reacionário e insano que Bolsonaro?
Eleito, eis suas medidas de combate à corrupção: acabou com o o Coaf, órgão essencial no combate aos crimes de colarinho banco e ao tráfico de drogas ("siga o dinheiro"); tenta transformar a Polícia Federal, um órgão de Estado, em um apêndice de seus interesses e os de seus filhos; voltou ao "centrão", um dos seus principais alvos na campanha; e, o gran finale, desmoralizou Sergio Moro, principal símbolo de combate à corrupção (menos para as esquerdas, por óbvio) do Brasil. Para menos de um ano e meio de governo, um trabalho e tanto de destruição ao "combate à corrupção" que o elegeu.
É por coisas assim que faz muito tempo que só acredito na Marieta, minha mula-sem-cabeça-com estrela-na-testa.