31 de maio de 2010

Preconceito estampado

Na última crônica que fiz- São Miguel dos Gays- uma leitora deixou um comentário dizendo o seguinte : " Preconceito estampado". Achei interessante e resolvi tecer alguns comentários sobre o mesmo.

Vamos, antes de mais nada, definir o que é preconceito. No Aurélio: " Suspeita, intolerância, ódio irracional ou aversão a outras raças, credos, religiões, etc." No Houaiss: " Ideia, opinião ou sentimento desfavorável formado a priori, sem maior conhecimento ponderação ou razão." Definições dadas vamos, sem preconceitos, falar de preconceito e da ditadura do politicamente correto, nova praga- a ditadura, não o politicamente correto- que nos assola. Lógico está que a questão é por demais ampla, sensível e complicada para ser exaurida em uma única crônica, vamos nos limitar aos homossexuais e aos judeus.

Povo nenhum, em época alguma, foi tão perseguido, maltratado e espezinhado como os judeus e sabem o por quê? Religião, amigos. Foram eles, que criaram o monoteísmo- religião em que um único ente- Deus, Jeová, Alá, como queiram- foi o criador do Universo e tudo que ele contém, inclusive este pobre escriba. A perseguição tomou forma quando a maioria do povo judeu se recusou a aceitar Jesus Cristo- um judeu- como filho de Deus e abandonar suas crenças de três mil anos( hoje cinco) e seguir a nova religião. Com o advento do Islamismo( 672-DC) ocorreu algo parecido e a confusão continua até hoje. Filhos se matando em nome do mesmo Pai!
Em nossa língua portuguesa existe uma palavra- judiar- que é derivada da perseguição aos judeus, vitimas de toda sorte de preconceitos, covardias e, por fim, extermínio puro e simples por parte de Hitler e a sua Alemanha- Cristã, não esqueçam!
Sabem como os judeus sobreviveram a tanta perseguição e preconceito: agarrando-se em sua fé; aprendendo que o conhecimento- o saber!- era a única e maior riqueza que podiam levar quando eram expulsos de algum lugar e tinham seus bens expropriados por piedosos cristãos; com isso nos legaram gente como Espinoza, Freud, Marx, Einstein, Hannah Arendt e muitos outros gênios, em todas as áreas do conhecimento humano; a outra forma de defesa que encontraram foi rir de si mesmo  e de suas desventuras, sim o cáustico e , por vezes, cético, humor judaico foi uma forma de defesa que encontraram para sobreviver e superar o sofrimento. Woody Allen é um exemplo. Fiz este breve relato para chegar até nós, hoje.

Estamos construindo uma sociedade de vítimas, todo mundo é perseguido e injustiçado, negros, índios, homossexuais, sem-terra, sem-teto, até os sem-vergonha se dizem perseguidos, vide o Maluf, o Zé Dirceu e outros...
E tome leis para proteger todo mundo e é bolsa pra todo lado, minha mulher diz que vai pedir uma Vuitton ao Lula, eu é que não dou. Brincadeiras a parte, que tal se em vez de leis, exigíssemos do Estado que cumprisse sua OBRIGAÇÃO e investisse pesadamente em EDUCAÇÃO PÚBLICA de qualidade como está escrito na constituição, a mesma que diz que TODOS- negros, brancos, mulheres, homossexuais, índios, até torcedores do...bem, do time lá da Gávea, são iguais perante à lei. Não cumprem, nós não exigimos, e vamos criando mais leis, mais burocracias, mais gastos, mais roubos e vira todo mundo vítima à espera de soluções milagrosas por parte do Estado, não as há...
Temos que dar às pessoas direito de se defenderem e não de serem " protegidas. Que tal o ensino primário e secundário ser única e exclusivamente feito pelo Estado. Já imaginaram: os filhos das elites estudando com o populacho?! Não vai acontecer, mas uma coisa garanto: a qualidade seria muito, mas muito!, melhor. Como diz Millôr Fernandes: " Socialismo é acesso!"ou " só superaremos nossos preconceitos quando assumirmos que os temos." Depois continuo...tem um viado me ligando sem parar!

Um comentário:

  1. Como diria Totó: "tô mais prá pósconceito". Supera, Brasil!

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