31 de março de 2013

O país do futuro, atrasado

Andam todos espantados com o vertiginoso crescimento da China. Centrados em nosso umbigo, nós ocidentais, achamos que o mundo foi criado pelo Império Romano, depois que adotou o Cristianismo como religião oficial. Besteira,a China, nos séculos XV e XVI, era, de longe, a maior potência do mundo. E até o século XVIII, Índia e China eram responsáveis por cerca de metade do PIB( Produto Interno Bruto) mundial. Paul Kennedy, em Ascensão e Queda das Grandes Potências, diz que os maiores impérios do período, além da China dos Ming, eram o" Império Otomano e seu rebento muçulmano na Índia, o Império Mongol, Moscóvia, o Japão Tokugawa e os vários estados da Europa centro-ocidental.No início do século XVI, não era de modo algum evidente que esta última região estava destinada a elevar-se acima das outras". Mais à frente diz:" Por mais grandiosos e organizados que alguns desses impérios orientais parecessem, em comparação com toda a Europa, todos eles sofriam, porém, as consequências de terem uma autoridade centralizada que insistia na uniformidade de crenças e práticas, não só na religião oficial do estado, como também em áreas como as atividades comerciais e o aperfeiçoamento de armas". Bingo!

Nós fomos colonizados por Portugal, que junto com a Espanha, era a maior potência europeia à época, mas ambos governados por estados absolutistas e burocráticos, com profunda ingerência da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana( e Cristo tanto pregou a humildade!). Somos herdeiros diretos do absolutismo e até hoje pagamos o preço desta herança: no excesso de burocracia, no Estado patrimonialista e autoritário, ou seja, ficamos na contramão da História e por isto, ainda hoje, em pleno século XXI precisamos de um Pai ou Mãe para nos guiar. Já passou da hora de ficarmos órfãos e aprendermos a nos virar sozinhos, sob pena de sermos, eternamente, o país do futuro, atrasado...


Liberdade é progresso

Nenhum comentário:

Postar um comentário