31 de agosto de 2010

Um dia triste

Hoje é um dia triste, mais um símbolo do Rio deixa de existir: o Jornal do Brasil, o velho e bom JB deixa de circular, terá somente uma versão digital. Vinha definhando há tempos e agora o triste fim. Foi através das páginas do JB que comecei a tomar ciência do mundo; que havia uma ditadura no país; que os jovens se rebelevam no mundo todo; que o Vietnam resistia; que derramei lágrimas ao ver às fotos do Che morto- tinha apenas 12 anos, mas aquela figura entre o romântico e o mítico me despertava sonhos de um mundo novo; que me apaixonei ainda mais pelo Botafogo, não fosse o JB uma fortaleza de alvinegros geniais: Armando Nogueira, João Saldanha, Sandro Moreira, Oldemário Touguinhó e Paulo Mendes Campos.

Obrigado a Carlinhos Oliveira, cronista de uma geração; obrigado Alceu Amoroso Lima, pelos ensaios brilhantes e sua luta contra a ditadura; obrigado Carlos Castelo Branco, pelo belo texto; obrigado a todos que fizeram o  maior jornal que este país já viu. Foi com vocês que aprendi que a liberdade não tem preço; que o maior medo de ditadores é a inteligência; que canalhas que hoje andam por aí, posando de democratas, construíram suas carreiras lambendo  coturnos des milicos.  São piores que torturadores; foram omissos, coniventes, covardes. Querem nomes: Sarney, Maluf, Delfim Neto, Marco Maciel. É duro e triste ver o PT de braços dados com uma figura como Sarney, por mais que me expliquem, não consigo engolir. O sapo é grande demais, não passa pela garganta...


No fim o mundo é dos práticos, dos subservientes, dos canalhas...mas de quando em vez é sempre bom lembra-lhes o que são e que a História há de colocá-los em seus devidos lugares: o esgoto mais fétido, lugar de homens cujo caráter não vai além de um coturno. Os herois não se fazem lambendo botas, mas sendo pisados por elas.

O fim de uma era

Um comentário:

  1. Estive ontem, ao meio dia, na Cinelândia, para a despedida do JB e pude constatar quantas cabeças grisalhas enchiam um canto do Amarelinho. O JB formou gerações de brasileiros, com seus texto corretos e isentos, sem se subordinar a interesses que não os da democracia verdadeira. Talvez, por isso, tenha pago o prego que pagou: a derrocada.

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