18 de novembro de 2010

Inventamos a isonomia da diferença

" Entre nós, não é o ato mas quem quem o pratica que condena. Se for pé-rapado, "teje preso". Se deputado, entra o recurso e chega veemente defesa porque " No caso de T., não! Esse é meu amigo! É dos nossos! A ele devo favores!"( Roberto da Matta).
Peguei a frase acima por ser brilhante ao definir o que somos: para os de cima a benevolência da lei; para os de baixo seu rigor, quando não justiça com as próprias mãos como estamos cansados de ver por aí. Somos tão benevolentes com os de cima que chamamos roubo de dinheiro público de desvio que são apurados em rigorosos inquéritos, tão rigorosos, mas tão rigorosos, que nunca terminam e fica tudo por isso mesmo, e quando prendem algum figurão o bandido tem direito a prisão especial por ser " dotô!"- inventamos a isonomia da diferença.
Essa lei da Ficha Limpa não entra na minha cabeça, é um absurdo completo, calma crianças, vou explicar: faz-se uma lei porque pessoas, em geral poderosas, que têm processos na justiça adiam, através de um sem fim de recursos e filigranas jurídicas o fim dos processos;  em vez de exigirmos uma reforma no judiciário- crimes contra o patrimônio e o erário- e o erário!- público, por envolverem o interesse de todos nós, deveriam ter prazos rigorosos para serem julgados, e roubar dinheiro do Estado( nosso, portanto) deveria passar a ser considerado crime hediondo e punido exemplarmente dentro dos prazos de lei. Mas não, inventamos uma nova lei apenas para impedir que ladrões não sejam candidatos a cargos públicos; mais recursos, mais burocracia, mais filigranas jurídicas e, pobre de nós!, o Supremo Tribunal Federal, acionado para determinar se a lei já entraria em vigor nessas eleições ou na próxima, não decidiu.... empatou...sim!... a votação empatou... e como se disputassem uma animada pelada de várzea, saíram os nobres ministros para discutir o resultado em um boteco qualquer de Brasília.
O Pimenta das Neves assassinou fria e covardemente sua ex-namorada e está solto, é filho de tradicional família paulistana;  Maluf não pode sair do Brasil pois tem ordem de prisão expedida pela Interpol- aqui, onde praticou sua rapinagem está solto e é deputado! Querem saber...somos todos putas de um Estado-cafetão, daqueles bem crueis com seus subordinados(as) e subserviente e covarde com os poderosos. Ah, o Medina, aquele ministro corrupto do STJ, foi punido exemplarmente por seus crimes: foi rigorosamente aposentado, recebendo sua rigorosa aposentadoria de cerca de R $ 25.000. 00 mês, paga rigorosamente em dia. E todo mundo acha um absurdo o Tiririca ser deputado federal. Eu não acho!

                                                  



                                                                                    


                                                                           

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