31 de janeiro de 2011

Estou triste por nossa desumanidade

- Vou dar o Lobinho para o pessoal do circo que está aqui, ele está agressivo e tentou morder uma mulher que passava em frente à venda- disse meu pai.
Lobinho era um basset de minha tia a quem muito me apeguei. Tinha eu por volta de dez anos, lembro-me do Lobinho todas às manhãs atravessando a praça de Calçado em uma alegre disparada, vindo da casa de minha vó Bela se encontrar comigo na porta de nossa casa.
Domingo pela manhã, estou na porta de casa e não vejo o Lobinho. O coração aperta...pouco mais vejo descendo a ladeira ao lado da igreja um caminhão carregando a armação do circo que se ia. Amarrado em uma corda por cima do madeirame estava o Lobinho; chorava...eu   cá...impotente...chorava...nossos olhares se encontram até o caminhão sumir, descendo a Rua XV.
Aquela imagem me persegue até hoje. Descobri ali que homens, por melhores que sejam, nunca são integralmente bons. A vida só fez confirmar a triste conclusão daquela criança. Estou triste...por nossa desumanidade...

                                                                      

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