Eike Batista e o Botafogo

Desde que afirmou em uma entrevista há cerca de dois ou três anos atrás que era torcedor do Botafogo, o empresário Eike Batista criou a ilusão em parte da torcida do Glorioso que poderia ser o salvador da pátria Alvinegra.
Agora a celeuma ressurge novamente em um suposto tuíter em que o novo messias nacional respondendo a uma torcedora, diz que não ajuda o clube por sua diretoria não ser profissional e finaliza assim: "É brincadeira!"
Não creio que seja verdade, se for, o Eike foi profundamente deselegante e mal-educado.
Aos fatos: a atual diretoria do Botafogo vem fazendo um excelente trabalho no clube, cometeu erros? Sim, claro que sim, ano passado quase jogou por água abaixo o bom trabalho que vem sendo feito ao apostar, erradamente, em Caio Júnior como técnico e, erro maior, insistir na manutenção dele à frente do elenco para só demiti-lo faltando três rodadas para o fim do Campeonato Brasileiro.
Outro erro: precisamos de alguém com prestígio para nos representar na CBF, onde somos tratados como clube de segunda linha. O Botafogo não poderia ter aceitado calado a imposição da CBF que tirou seu jogo com o Fluminense do Engenhão para que Vasco x Flamengo jogassem lá. O estádio é do Botafogo, o mando de campo da partida contra o Flu era do Botafogo e o direito de jogar no estádio, obviamente, era do dono dele. Uma humilhação que não engoli até hoje. Sem falar nas arbitragens que, quase sempre, nos prejudicam. O ideal seria alguém com a personalidade e sem o mau-caratismo do Eurico Miranda nos representando naquele ninho de venenosas cobras.
No mais, temos um elenco bom, mas que necessita de reforços na defesa, a base voltou a produzir jogadores, os salários estão em dia- Flamengo e Vasco estão sem pagar seus atletas- e, este ano, temos um técnico mais experiente e menos egocêntrico que o Caio Júnior.
Quanto ao Eike: se quisesse mesmo ajudar já o teria feito, no mínimo apresentando um projeto de administração do clube à diretoria ou patrocinando, através de uma de suas empresas, a camisa do Botafogo.
Respeito a opinião de todos, principalmente do Francisco Gonçalves, com quem debati o assunto ontem, um botafoguense apaixonado, mas não creio que o nosso Glorioso necessite de salvadores da pátria, aos poucos, com muita luta, dor e sofrimento, como é de nosso feitio, estamos voltando a ser o Glorioso Botafogo de décadas atrás.
O maior clube do mundo atualmente, o Barcelona, não tem mecenas o bancando, investe pesado na base: nove dos onze jogadores de sua equipe titular são formados lá e não é o tão decantado clube-empresa, é de seus sócios, que elegem o presidente do clube que tem de prestar contas a eles e não a um "dono". Este é o exemplo a seguir, o Barça está colhendo os frutos do trabalho que começou a fazer décadas atrás, quando o Real Madrid dominava o futebol espanhol.