25 de março de 2012

O dia em que Jilozinho deixou a vaca Margarida de quatro


 Jilozinho, à época do fato que vou narrar  ( início dos anos 80 do século passado ), era funcionário do BANESTES ( Banco do Estado do Espírito Santo ) em Alegre, e pinguço afamado por toda  a região Sul capixaba e Norte fluminense. Sua fase era tão boa  que se autointitulava o Romário do copo. Encaçapava o que viesse com a categoria dos grandes craques.
Certa feita, um sábado pela manhã, estava nosso Jilozinho esperando ônibus para São José do Calçado na rodoviária de Guaçui, quando aparece um cidadão puxando uma vaca holandesa e se aproxima dizendo a ele:
- Você que é o tal de Jiló?
- Sou, por quê?
- É o seguinte, me falaram que ninguém aguenta beber com você, pois eu garanto e aposto que a Margarida te derruba!
- Quem é Margarida?
- É a minha vaquinha aqui, duvido que aguente beber o que ela bebe.
- Deixa de ser bobo, rapaz, vê se vou beber com uma vaca, tá doido!?
- Tá com medo, você não é o tal?!
Nisto já tinha se formado um pequeno público ao derredor do trio. Desafiado em seu ébrio orgulho, Jilozinho diz:
- Pois vamos pro pau!
Formou-se uma roda no meio da rua, uma mesa foi arrumada, de um lado Jilozinho, do outro a Margarida e seu dono. Jilozinho bebia sua dose de cana em um copo, a vaca em um prato que ficava em cima da mesa. Mais gente se aproxima para ver  o  maior embate de todos os tempos. Logo começam as apostas. A maioria apostando na  ruminante.
Vou resumir: antes do fim do sexto litro de pinga, Jilozinho toma sua dose, a vaca negaceia, dá um mugido tétrico e arreia as quatro patas no chão. Inelutavelmente derrotada por nosso heroi!
Jilozinho é carregado em júbilo pelo povo, sem antes dizer ao dono da pobre vaca: -"Eu sou o cara! Aproveita e faz um churrasco da Margarida, a carne deve tá bem macia!"
Hoje, passadas décadas da gloriosa vitória de Jilozinho, posso vos contar que fui eu o "técnico" dele, ensinei-lhe meses antes que quando estivesse muito bêbado fosse no banheiro, metesse o dedo na goela e vomitasse . Depois ingerisse bastante água para hidratar e limpar a "serpentina". Foi o que ele fez, de vez em quando ia no banheiro da  rodoviária, botava tudo pra fora e voltava renovado para pegar a infeliz da Margarida.
Foi uma vitória histórica de nosso Jilozinho. Heroi do povo de Calçado!

Um comentário:

  1. Tomei um susto ao ler o título, achando que Jilozinho tivesse consumado conjunção carnal com a dita vaca. Fiquei aliviado em saber que foi só um inocente disputa etílica. Salve Jilozinho!

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