3 de agosto de 2012

Poema de sete dribles


Poema de sete dribles - José Henrique Calazans

Quando ele nasceu, um anjo negro de pernas tortas, 
os deuses da bola disseram: 
Vai, Mané! ser o palhaço dos campos.
As arquibancadas espiam admiradas 
enquanto os zagueiros correm atrás da bola. 
Talvez eles até conseguissem alcançá-la, 
não fosse o gênio da camisa sete.
Os adversários passam cheios de pernas: 
um, dois, três “joões”. 
De onde vem tanta habilidade? pergunta meu coração. 
Porém meus olhos 
não perguntam nada.
O homem atrás da camisa alvinegra 
é simples, brincalhão, generoso e boêmio. 
Tem muitas mulheres 
e inúmeras glórias 
o homem atrás da camisa alvinegra.
Meu Deus, por que tiraste do povo essa alegria, 
se sabias que não haveria outro igual, 
se sabias que o povo a continuaria sofrer?
Mundo mundo vasto mundo, 
nem ao menos por um segundo 
alguém teve tanta ginga no ataque. 
Mundo mundo vasto mundo, 
mais vasto era o encanto do craque.
Eu não devia te dizer 
mas esses dribles 
mas esses gols 
botam a gente comovido como o diabo.

José Henrique Calazans, carioca, 26 anos. Em 2009 lançou o livro de poemas Quem vai ler esta merda?, cuja 2ª edição será lançada este ano. Publicou em várias revistas e coletâneas, incluindo a antologia luso-brasileira Um rio de contos. Integra o Livro da Tribo desde 2008. É membro do grupo de poesia Farani 53.

Este belo poema foi escrito por um jovem e talentoso poeta de apenas 26. Mané Garrincha é o jogador mais querido pela memória coletiva do povo brasileiro, não foi chamado de Rei, Príncipe ou Imperador, foi algo muito mais belo: A alegria do povo! O que pode de melhor querer um homem que levar alegria ao seu sofrido povo? ( Zatonio Lahud )


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