Poema de sete dribles - José Henrique Calazans
Quando ele nasceu, um anjo negro de pernas tortas,
os deuses da bola disseram:
Vai, Mané! ser o palhaço dos campos.
os deuses da bola disseram:
Vai, Mané! ser o palhaço dos campos.
As arquibancadas espiam admiradas
enquanto os zagueiros correm atrás da bola.
Talvez eles até conseguissem alcançá-la,
não fosse o gênio da camisa sete.
enquanto os zagueiros correm atrás da bola.
Talvez eles até conseguissem alcançá-la,
não fosse o gênio da camisa sete.
Os adversários passam cheios de pernas:
um, dois, três “joões”.
De onde vem tanta habilidade? pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
um, dois, três “joões”.
De onde vem tanta habilidade? pergunta meu coração.
Porém meus olhos
não perguntam nada.
O homem atrás da camisa alvinegra
é simples, brincalhão, generoso e boêmio.
Tem muitas mulheres
e inúmeras glórias
o homem atrás da camisa alvinegra.
é simples, brincalhão, generoso e boêmio.
Tem muitas mulheres
e inúmeras glórias
o homem atrás da camisa alvinegra.
Meu Deus, por que tiraste do povo essa alegria,
se sabias que não haveria outro igual,
se sabias que o povo a continuaria sofrer?
se sabias que não haveria outro igual,
se sabias que o povo a continuaria sofrer?
Mundo mundo vasto mundo,
nem ao menos por um segundo
alguém teve tanta ginga no ataque.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto era o encanto do craque.
nem ao menos por um segundo
alguém teve tanta ginga no ataque.
Mundo mundo vasto mundo,
mais vasto era o encanto do craque.
Eu não devia te dizer
mas esses dribles
mas esses gols
botam a gente comovido como o diabo.
mas esses dribles
mas esses gols
botam a gente comovido como o diabo.
José Henrique Calazans, carioca, 26 anos. Em 2009 lançou o livro de poemas Quem vai ler esta merda?, cuja 2ª edição será lançada este ano. Publicou em várias revistas e coletâneas, incluindo a antologia luso-brasileira Um rio de contos. Integra o Livro da Tribo desde 2008. É membro do grupo de poesia Farani 53.
Este belo poema foi escrito por um jovem e talentoso poeta de apenas 26. Mané Garrincha é o jogador mais querido pela memória coletiva do povo brasileiro, não foi chamado de Rei, Príncipe ou Imperador, foi algo muito mais belo: A alegria do povo! O que pode de melhor querer um homem que levar alegria ao seu sofrido povo? ( Zatonio Lahud )
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