4 de novembro de 2012

O Príncipe Sapo


O Príncipe Sapo
Silvia Britto

Essa madrugada fui acordada por um barulho que no mínimo classificaria como peculiar. 
Pareceu-me o coaxar de um sapo. 
Estranho, para o quinto andar de um prédio de apartamentos.
CROAC! De novo! 
Fiquei quieta tentando perceber de onde vinha aquele som. 
Onde estaria escondido aquele cururu?
CROAC!
Vinha lá dos lados da caminha do pequeno cão, que dormia acolhido em seu cobertor. 
Estaria o cãozinho vomitando? Porque aquele ali é um pequeno glutão. 
Come de tudo e um pouco mais. Nunca vi tamanha disposição. 
CROAC! Não era o cão. 
CROAC! 
Pronto! Identifiquei a origem da serenata! 
Era o ronco, para lá de esquisito, diga-se de passagem, do meu grande amor.
Meu príncipe sapo dormia a sono solto e claramente havia esquecido-se de que 
depois dos meus beijos apaixonados tomara a forma humana.
CROAC! 
E lá ia ele, a sono solto, coachando com a liberdade que só os sonhos nos permitem. 
Pela cara de satisfação, devia estar lembrando-se de alguma perereca abandonada no brejo, o safado!
CROAC! 
Deixem ele acordar! 
Muitas explicações terá que dar o cururu. 
HUMPF!
CROAC!

 
Silvia Britto                                                 Primavera de 2012

                                                                           

Um comentário:

  1. Hahaha!! Boa, Silvia!! Acho que esse sapo adora uma perereca mesmo!!

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