5 de março de 2013

A Rede Globo e a decadência do futebol brasileiro

O futebol, nos seus primórdios, era um esporte praticado pelos filhos da elite brasileira. Caiu nas graças do povo que se apropriou do jogo e fez dele um traço de união e nacional. Uma forma de identidade coletiva.
Foi se desenvolvendo lado a lado ao florescimento do capitalismo no País, e acabou virando um grande negócio que movimenta bilhões de reais. E, por estar virando apenas um negócio na mão de empresários inescrupulosos, está deixando de ser o esporte do povão para se transformar em programa da classe-média.
Ingressos caros para afastar os torcedores "violentos" ( leia- se pobres ); a seleção brasileira virou "propriedade" da Rede Globo, que a afastou do "povão" ( mais ou menos como fizeram com o desfile das escolas de samba ) e a transformou em um produto palatável para ser consumido por torcedores com maior poder aquisitivo- até os "nomes" dos jogadores mudaram, hoje quase não se usa mais apelidos, como Pelé, Garrincha, Zico, Vavá, Didi.... Foram trocados pelos nomes e sobrenomes dos atletas. Os técnicos viraram "professores", os rígidos esquemas táticos passaram a ser mais importantes que a criatividade individual- maior característica do futebol brasileiro." Europeizaram" e burocratizaram nosso futebol. Aliás, a seleção joga mais na Europa que no Brasil. Interessante acrescentar que os europeus fizeram o caminho contrário, melhoraram sua técnica com a massiva importação de jogadores brasileiros e argentinos. O melhor futebol brasileiro é jogado hoje pela Espanha. Não à toa a atual campeã europeia e mundial.
E, como ocorreu nos grandes campeonatos europeus, mais notadamente em Itália, Espanha e Inglaterra, estão acabando com nossos grandes clubes. Interessa à Globo e seus investidores, a criação de quatro ou cinco gigantes e os seus respectivos sacos de pancadas. É mais fácil negociar com um número menor dos chamados grandes clubes e direcionar os torcedores a consumirem os produtos por eles vendidos.
Daí a parcialidade das transmissões da Globo, claramente direcionadas para favorecer os clubes de maior torcida, notadamente Flamengo, Corinthians e São Paulo.
Mas, e rogo para estar certo, o tiro está saindo pela culatra, nossa seleção perdeu o encanto e o povo se afastou dela- reparem no torcedor que frequenta os raros jogos que a seleção realiza no País: não são torcedores de futebol, mas os "torcedores da Globo". E, com a internet, o chamado padrão Globo de qualidade ( de pasteurização, digo eu ) está sendo questionado e quebrado. Que assim seja.
Uma esperança é a atual Copa do Nordeste, um sucesso de público, mesmo sem a efetiva participação da Rede Globo, que não se interessa pelos clubes da região mais pobre do País. Os torcedores nordestinos estão nos dando um exemplo de amor ao futebol e aos seus tradicionais clubes. Que o sucesso se espalhe e alguns clubes do Sul e Sudeste se levantem contra o monopólio da Rede Globo. Não podemos permitir a "espanholização" do futebol brasileiro. Destruíram os clubes da Espanha, que ficou reduzida aos gigantes Barcelona e Real Madrid e seu campeonato nacional perdeu totalmente a graça.
Michel Platini, presidente da União Europeia de Clubes ( UEFA ), já se deu conta do desastre anunciado que é a concentração do futebol nas mãos de poucos clubes vencedores e prometeu mudanças em breve futuro no intuito de restabelecer um certo equilíbrio de forças entre os concorrentes.
Que façamos o mesmo por aqui, primeiro limpando a CBF dos ratos que a administram, depois enfrentando o monopólio  da Rede Globo, que está destruindo o futebol brasileiro em sua busca incessante por lucros. Só para lembrar: somos hoje o 18º colocado no ranking da FIFA.

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