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| Quadro: Rosangela Borges |
Os meninos jogavam bola na rua do bairro. Um chute mais forte e a bola voa por sobre o muro de uma casa. Tocam a campainha. Nada. Apenas silêncio. Quando discutiam quem ia pular o muro, o portão se abre e surge um homem- alto, barbudo, cabelos grisalhos desgrenhados, olhos negros de olhar duro-, a bola em uma das mãos, na outra uma faca. "Vou rasgar a bola de vocês!" Um dos meninos se aproxima e diz, com voz firme para seus 12 anos: - "O senhor não pode fazer isso". "E quem vai me impedir, você seu pirralho?!" O menino o olha firme e diz:: " Não, seu coração o vai impedir, ele já foi o de uma criança como nós".
O homem ficou paralisado com o inusitado da resposta... Devolveu a bola e entrou. Lá fora a alegre algazarra recomeçou. Por detrás do muro o homem sorria com a mão esquerda sobre seu coração. Lágrimas escorriam suaves por seu rosto. O menino ainda vivia nele.
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