Nossa língua, se bem analisada, nos demonstra todas as diferenças sociais e os preconceitos de classe que perpassam nossa sociedade. Reparem quando um assassino pobre é preso: sua cara vai logo para as primeiras páginas dos jornais, normalmente com a seguinte manchete: "Polícia prende o assassino de fulano". Agora, se o assassino for de classe mais alta, vira apenas suspeito e raramente aparece algemado frente às câmeras, como os despossuídos.
Pobre quando mata, é safado, cruel, insensível; rico está com problemas psicológicos e teve um "surto" que o levou a cometer o crime.
Pobre quando rouba é chamado de ladrão; ricos não roubam, desviam, principalmente dinheiro público- e, mais das vezes, saem impunes de seus roubos, quer dizer, desvios.
Pobre quando usa drogas é viciado; rico, dependente químico, adicto e que tais.
Pobre faz putaria ou bacanal; rico, sexo grupal.
Mulher de pobre, quando está com problemas, tem a pia para lavar louças; mulher de rico faz terapia...
E assim caminhamos nós: pobres em ônibus lotados; ricos em seus carrões com ar refrigerado.
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