20 de agosto de 2013

Dunga e Joaquim Barbosa, homens que odeiam

Dunga

Dunga e Joaquim Barbosa são dois vencedores. Superaram dificuldades imensas para chegar ao topo. Chegaram. Mas não perdoaram. A quem? À vida. A si mesmos. Não sei ao certo.
Dunga ficou marcado na derrota da Seleção Brasileira na Copa de 1990. Criou-se a Era Dunga, exemplo de futebol feio, medíocre. Era recente na memória do povo brasileiro a encantadora Seleção de 1982- que, dirigida por Telê Santana, deslumbrou o mundo com seu futebol criativo, alegre e vistoso. Mesmo derrotada ficou na História, na memória afetiva do povo como uma das melhores seleções que tivemos.
Dunga deu a volta por cima. Foi  capitão da Seleção campeã mundial de 1994. Aí o bicho pegou, mesmo campeã a Seleção de 1994 jogava um futebol de resultados, sem a criatividade de suas antecessoras que também ganharam os títulos de 1958, 1962 e 1970. E a de 1982, que não venceu. Dunga, que foi ao lado de Bebeto e Romário, o maior responsável pela conquista, não se conforma com o não reconhecimento pela imprensa e pelo público de que a Seleção de 1994, apesar de ter vencido, não era uma grande Seleção Brasileira. E não era mesmo, afirmo eu. Um meio-campo formado por Mauro Silva, o próprio Dunga, Mazinho e Zinho não é das coisas mais criativas que já vi. Mas venceu.
E Dunga segue destilando seu ódio, agora à beira dos gramados. Contra gandulas, árbitros, jornalistas, adversários...
Joaquim Barbosa, atual presidente do Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte do País, é negro, oriundo de família humilde e num esforço heroico, comendo o pão que o diabo amassou, superou o preconceito, a pobreza, a injustiça e venceu. Um homem de valor, sem sombra de duvidas. Foi nomeado para o STF por Lula, que queria um negro no Supremo. Creio ser esse um dos fatores que levam Joaquim Barbosa a ser como é: supõe que todos acham que está no cargo não por seu saber jurídico, mas sim por ser negro. E isso o consome. Endeusado pela mídia por seu trabalho como relator Ação penal 470, o chamado Mensalão, atingiu os píncaros da glória. E se tornou intratável. Não admite discordância de seus pontos de vista, humilha jornalistas, é irascível com seus pares. Com suas atitudes autoritárias, começa a angariar antipatias até entre os que o endeusavam. Sim, seu colega de Supremo e seu maior desafeto, Ricardo Lewandowski, é uma figura menor, seu semblante e suas atitudes o dizem, mas é tão ministro quanto Joaquim e, gostando-se ou não de suas posições, tem de ser respeitado. Afinal, também foi escolhido por Lula. Como Barbosa.
Dunga e Joaquim Brabosa, dois vencedores. Consumidos pelo ódio. Ou será orgulho exacerbado?
Precisamos de, urgentemente, democratizar a forma de escolha dos homens que são os guardiões da Constituição e, por consequência, do regime democrático.

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