22 de outubro de 2013

Diálogo pós-mortem

Diálogo pós-mortem
- Entra...
- Quem é você?
- Deus!
- Como assim?
- Sou Deus, ora...
- Mas você não tem cara de Deus?
- E qual é a minha cara?
- Bem... É, não sei. Eu morri?
- Morreu...
- E por que me recebes, eu que sempre fui ateu?
- Ah, é que de vez em quando me canso desse marasmo celeste e gosto de conversar com gente meio doida, questionadora... Na verdade, fiz um mundo tão confuso e complicado que às vezes acho que até eu sou ateu! Ando cansado de receber gente chata, submissa aos meus desígnios, todas repetem a mesma ladainha. Acho que vou tomar um porre hoje, me faz companhia?
- Mas aqui, não vai pegar mal?
- Não, vamos descer e beber em uma daquela boates de Copacabana acompanhados de umas daquelas maravilhas femininas que criei. Foi minha melhor obra... São lindas, não?!
- São maravilhosas! Mas, senhor, o que está me convidando para fazer não é pecado?
- É, por isso é bom! E depois eu nos perdoo, sou Deus, né? E não precisa me chamar de senhor, não hoje que vamos para a esbórnia. Pode me chamar Dedeu, um carioca da gema! Vamos logo, que a noite é uma criança...

Nenhum comentário:

Postar um comentário