25 de maio de 2014

Nélson Rodrigues e a criação do sincretismo ideológico no Brasil

Nélson Rodrigues e a criação do sincretismo ideológico no Brasil

Ao menos essa Copa do Mundo no Brasil está ideologicamente muito divertida. Tenho amigos ligados ideológica e emocionalmente ao PT que detestavam futebol, daqueles que afirmavam que o "futebol é o ópio do povo" e hoje são a própria "pátria de chuteiras", no dizer de Nélson Rodrigues; outros, à direita, estão contra a Copa por detestarem o PT. Só por esse singelo motivo.
Mas o mais hilário é ver o Nélson Rodrigues transformado em ícone pelos defensores da realização da Copa.
Nélson foi um grandíssimo escritor, inteligência afiada e crítico atroz, impiedoso e cínico das esquerdas. Escreveu sobre futebol como poucos e não entendia patavinas do esporte. Como quase não enxergava ia ao Maracanã- cujo verdadeiro nome é Estádio Mário Filho, jornalista irmão do Nélson, criador do Jornal dos Sports e o maior defensor da construção do estádio para a realização da Copa de 1950- para "sentir" o clima das torcidas e depois escrever suas crônicas. Certa feita, logo após o término de uma partida, virou-se para o também jornalista e cronista Armando Nogueira ( acho que foi com o Armando ) e disse: "Armando, como nós vimos o jogo?"
Sim, foi o Nélson, com seu imenso talento, quem criou um nacionalismo exacerbado em torno de nossa Seleção, muito por conta de nossa derrota na Copa de 1950, de onde surgiu o suposto "complexo de inferioridade" do povo brasileiro perante o resto do mundo, o que levou Nélson Rodrigues a afirmar que tínhamos o "complexo do vira-lata". Mas esse complexo, segundo ele, foi quebrado com a conquista da Copa de 1958 na Suécia e superado de vez com a conquista do bicampeonato mundial em 1962 no Chile.
Agora a esquerda nacionalista que defende a realização da Copa, resgatou a frase do reacionário ( dito por ele ) Nélson como forma de calar seus críticos.
Tá muito divertido essa salada ideológica, que aliás não é nova no Brasil- afinal nós criamos o sincretismo religioso e agora seu "irmão em fé", o sincretismo ideológico.

Abaixo algumas frases de Nélson Rodrigues sobre a esquerda:

No Brasil, só se é intelectual, artista, cineasta, arquiteto, ciclista ou mata-mosquito com a aquiescência, com o aval das esquerdas.

Quando os amigos deixam de jantar com os amigos [por causa da ideologia], é porque o país está maduro para a carnificina.

Como a nossa burguesia é marxista! E não só a alta burguesia. Por toda parte só esbarramos, só tropeçamos em marxistas. Um turista que por aqui passasse havia de anotar em seu caderninho: — "O Brasil tem 100 milhões de marxistas".

No Brasil, o marxismo adquiriu uma forma difusa, volatizada, atmosférica. É-se marxista sem estudar, sem pensar, sem ler, sem escrever, apenas respirando.

A Rússia, a China e Cuba são nações que assassinaram todas as liberdades, todos os direitos humanos, que desumanizaram o homem e o transformaram no anti-homem, na antipessoa. A história socialista é um gigantesco mural de sangue e excremento.

Hoje, o não-marxista sente-se marginalizado, uma espécie de leproso político, ideológico, cultural etc etc. Só um herói, ou um santo, ou um louco, ousaria confessar publicamente: — "Meus senhores e minhas senhoras, eu não sou marxista, nunca fui marxista. E mais: — considero os marxistas de minhas relações uns débeis mentais de babar na gravata".

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