Uma pelada clássica: estádio caindo aos pedaços, gramado com mais buracos que nossas estradas, um mala gritando o tempo no ouvido da gente. Por muito pouco o coitado não apanhou da Sueli Senna. Sorte dele que o Fernando Cardoso acalmou à irada Sueli.
Pouco mais e o Bob Dylan tenta invadir o gramado, com seu portentoso físico, para pegar o ladrão que apitava o jogo e andava ameaçando roubar o Botafogo. Fabinho o puxou pelos fundilhos e o sentou novamente em seu lugar.
Lá pelas tantas do segundo-tempo, o Flor tentando o gol que lhe daria a vitória, uma madaminha se levanta histérica, com sua voz fina, parecia a de uma menininha dengosa e chata, e chama a torcida Alvinegra aos brios: "Cumiquié pessoal, vão deixar a bicharada deles calar a gente?!" Foi ovacionada de pé pela galera alvinegra aos gritos de Tia!!! Tia!!! Tia!!! Só sei que depois da chamada à responsabilidade da "Tia", calamos a torcida tricolor.
O jogo segue, o empate dá o título ao Botafogo, que venceu a primeira partida por 1 x 0 nas Laranjeiras, estádio do Flor.
O mala volta a se esgoelar atrás da gente: Marca!!! Pega!!! Chuta!!! Mata esse desgraçado!!!
A Sueli ameaça se levantar e dar uma bolsada nele. Seria morte certa. A bolsa dela devia estar pesando uns 15 kg. A seguramos. O juiz apita o fim da partida. Botafogo campeão!
No meio da Copa do Mundo, fomos cumprir nosso compromisso cívico alvinegro e ver o nosso velho, bagunçado, mas divertido futebol e matar a saudade do Botafogo. O verdadeiro futebol, daqueles torcedores que, antes de tudo, amam o esporte e seus clubes.
Foi uma bela tarde de antigamente. No meio de bons amigos e com o Glorioso campeão.
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