Uma vez, à
época da esbórnia ampla geral e irrestrita, estava dando umas beiçadas com o
Jilozinho no Bar do Conrado, lá em São José do Calçado ( ES ), cidade onde
nasci. Levava comigo um livro de poemas do grande Carlos Drummond de Andrade.
Depois de
muitas beiçadas, resolvo ler o poema No Meio do Caminho, considerado por muitos
especialistas o precursor da poesia moderna brasileira. Eis o poema:
No meio do caminho tinha uma pedratinha uma pedra no meio do caminho
tinha uma pedra
no meio do caminho tinha uma pedra.
Nunca me esquecerei desse acontecimento
na vida de minhas retinas tão fatigadas.
Nunca me esquecerei que no meio do caminho
tinha uma pedra
tinha uma pedra no meio do caminho
no meio do caminho tinha uma pedra.
Após eu ler o
poema em voz alta, Jilozinho pega o livro de minhas mãos, lê o poema, relê e dá
seu veredicto: -“Jarrão, tô com vontade é de pegar essa imundiça dessa pedra que tá enchendo o
saco no meio do caminho e sentar na cabeça do tal Drummond, que não devia ter
serviço pra ter tempo de escrever uma bobice dessa, e na sua que fica lendo
essas viadagens!
Achei melhor pedir outra cerveja e
mudar de assunto...
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