24 de outubro de 2017

O fundamentalismo religioso segundo o escritor José Eduardo Agualusa

Há neste momento, em Moçambique, um conflito surdo entre lideranças islâmicas, entre velhos e jovens, entre um islã moderado, harmoniosamente integrado na sociedade, e um islã insurgente, que se quer apoderar do aparelho de Estado para impor a todos a lei da sharia.
Pode parecer um conflito muito distante do Brasil. Não é. Fundamentalismo islâmico e fundamentalismo cristão são duas faces de uma mesma moeda. Ambos os movimentos têm por objetivo a captura do Estado, e a subjugação de toda a sociedade aos seus estreitíssimos princípios éticos e morais. Ambos são movimentos profundamente reacionários, contra a ciência, contra a arte, contra a inteligência, contra a modernidade. A diferença entre o Brasil e Moçambique é que no Brasil esse movimento está num estágio muito mais avançado. Já controla grandes cidades, como o Rio de Janeiro, e está na iminência de se apoderar de todo o aparelho de Estado.
Não nos iludamos: estamos sob ataque. A luta contra o fundamentalismo, que se trava em Mogadíscio ou em Maputo, é a mesma que se trava no Rio de Janeiro. Sim, o mundo é um bairro, e todos os homens são nossos vizinhos."
(José Eduardo Agualusa, escritor angolano - via Patrizia D'Angello) 


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