19 de dezembro de 2020

Com a a morte do Alcides Paraíba foi-se parte de minha juventude

 O tocador quer beber

Ontem (18), com a morte do Alcides Paraíba lá em São José do Calçado-ES, a cidade onde nasci, foi-se mais uma parte de minha juventude.
Alcides era uma figuraça, daquelas que só as pequenas cidades do interior produzem. E acabam por virar lenda.
A turma reunida no bar do Jorge ou no Crissaf. Lá pelas tantas, o Alcides é convocado para cantar na serenata que resolvemos desorganizar. Após reforçar bem o estoque de pinga, cerveja e vodca, partíamos para perturbar o sono alheio.
Escolhida a primeira "vítima" da homenagem, parávamos na calçada e o Alcides soltava a voz... mas logo a prendia novamente.
Era mais ou menos assim:
Boemia aqui me tens de regresso... E ficava em obsequioso silêncio o nosso Alcides.
- O que foi, Alcides?
- O tocador quer beber!- respondia, ele, sério. Alguém lhe passava o copo, ele dava uma generosa beiçada, e recomeçava a cantoria:
E suplicante te peço a minha nova inscrição
Voltei pra rever os amigos que um dia
Eu deixei a chorar de alegria, me acompanha o meu violão... E parava novamente.
- Porra, Alcides, o que foi dessa vez?
- O tocador quer beber...
E assim a ladainha do bom Alcides ia noite adentro. Descanse em paz, meu amigo.



2 comentários:

  1. Meu grande amigo, 45 anos de amizade sincera e sem frescura, fizemos muita trapalhada juntos e nos divertimos muito. Era como um irmão mais velho, só que ao contrário, eu é que tinha que botar juízo naquela cabeçona dele. Mas era leal, divertido e doido pra caramba. Vou sentir muita falta dele!

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