14 de novembro de 2022

O mercado e a transição

 O mercado e a transição.

Na última semana houve um ruído na mídia em relação à reação negativa do mercado a um discurso em que Lula criticava o teto fiscal. A partir de uma queda na bolsa e uma elevação no dólar, alguns comentaristas voltaram com a cantilena da “responsabilidade fiscal”.
Em primeiro lugar, é importante ressaltar que Lula está reafirmando um discurso de toda a campanha, ou seja, que o teto fiscal deveria ser revogado para incluir o povo no orçamento da União. Este discurso venceu a eleição com 60 milhões de votos.
O que o mercado pretende é um “terceiro turno”, no qual quer arrancar concessões por meio da velha chantagem envolvendo oscilações da bolsa e dólar.
Já passou da hora de cobrarmos deste mercado uma responsabilidade social. A bolsa não cai quando se divulga que mais de trinta milhões de brasileiros passam fome. O dólar não sobe quando se divulga um crescimento absurdo do desmatamento.
O mercado não pediu “responsabilidade” quando Bolsonaro negligenciou o combate à pandemia e provocou a morte de 700 mil brasileiros. Ficou em silêncio quando ele estimulou o racismo, a homofobia e o feminicídio. Tudo estava bem enquanto a Petrobras pagava bilhões em dividendos, tornando-se a empresa que mais paga dividendos no mundo!
Agora o mesmo mercado não pede responsabilidade aos empresários que financiam manifestações antidemocráticas e violentas. As ações destas empresas não caem.
A verdade é que o mercado não tem nenhuma responsabilidade com o país ou com o nosso povo. Não tem autoridade moral para cobrar nada. Se fosse pelo mercado, estaríamos hoje em uma ditadura de extrema-direita. Logo, voltem para as suas mesas de especulação e deixem o presidente eleito trabalhar. O mercado tem de se submeter à democracia e não o contrário.
Sérgio Batalha Mendes

Sergio Batalha Mendes é advogado
    Sócio Gerente na empresa Batalha Advogados Associados
    Estudou na instituição de ensino Faculdade de Direito da Universidade Federal do Rio de Janeiro

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