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4 de janeiro de 2023

Vencemos o fascismo

 Editorial do Barão

Durante quatro anos fui acusado de muita coisa: intolerante, radical, comunista, burro e outros adjetivos, digamos, menos nobres. Tudo por, desde o início, me opor ao fascismo de Jair Bolsonaro. Até minha antiga conta do Facebook perdi por conta de minha oposição ao projeto ditatorial do psicopata fascista. Bolsonaro é um homúnculo vulgar, tosco e, acima de tudo, covarde, como sua fuga para os EUA no dia de ontem (30) veio comprovar mais uma vez.
Valeu a pena? "Tudo vale a pena se a alma não é pequena" já vaticinou o grande Fernando Pessoa em seu belíssimo poema 'Mar Português'.
Passei minha juventude sob a estupidez tacanha da ditadura militar, quando "a minha gente andava falando de lado e olhando pro chão", como magistralmente nos disse outro grande, o nosso Chico Buarque, em 'Apesar de Você', uma obra-prima de nosso cancioneiro popular. Sei bem o que é não ter liberdade.
Não sou Pessoa, não sou Chico, longe disso, mas fiz minha parte para salvar nossa ainda jovem democracia da sanha do fascismo. E estou feliz, muito feliz! A democracia venceu o ódio fascista! Nós vencemos!!!

5 de janeiro de 2018

Pelo Tejo Vai-se para o Mundo- Alberto Caiero (heterônimo de Fernando Pessoa)

Pelo Tejo Vai-se para o Mundo

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia, 
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia 
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia. 
O Tejo tem grandes navios 
E navega nele ainda, 
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está, 
A memória das naus. 
O Tejo desce de Espanha 
E o Tejo entra no mar em Portugal. 
Toda a gente sabe isso. 
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia 
E para onde ele vai 
E donde ele vem. 
E por isso porque pertence a menos gente, 
É mais livre e maior o rio da minha aldeia. 
Pelo Tejo vai-se para o Mundo. 
Para além do Tejo há a América 
E a fortuna daqueles que a encontram. 
Ninguém nunca pensou no que há para além 
Do rio da minha aldeia. 
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada. 
Quem está ao pé dele está só ao pé dele. 

Alberto Caeiro, in "O Guardador de Rebanhos - Poema XX" 
Heterónimo de Fernando Pessoa 

13 de novembro de 2016

A esquerda deveria ler sempre "O rio de minha aldeia", do grande Fernando Pessoa

Alberto Caeiro

XX - O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,

XX

O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia,

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso, porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.

Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
7-3-1914
“O Guardador de Rebanhos”. In Poemas de Alberto Caeiro. Fernando Pessoa. (Nota explicativa e notas de João Gaspar Simões e Luiz de Montalvor.) Lisboa: Ática, 1946 (10ª ed. 1993).
  - 46.

A esquerda deveria ler sempre esta obra-prima de Fernando Pessoa.
As pessoas comuns olham primeiro para sua família, depois para sua aldeia, depois... "Ninguém nunca pensou no que há para além/Do rio da minha aldeia."
Ter razão não muda o rumo da História, que é inconstante e não-linear.
Mas olhem, sempre primeiro, para o rio de sua aldeia, além de ser o mais bonito, é ali que estão as raízes dos homens, seus vínculos mais perenes.
Jesus Cristo foi batizado por João Batista no pequeno Rio Jordão, e não no imenso e imponente Nilo, logo ali ao lado. Pensem nisso.

Fernando Pessoa

8 de setembro de 2016

São gigantes d'alma os atletas paralímpicos.

Ontem à noite (07/08), na festa de abertura dos Jogos Paralímpicos, vi como pode ser grande o espírito humano.
Homens e mulheres com deficiências físicas mas espírito integro.
Deve ser por coisas assim que o grande Fernando 
Pessoa escreveu que “tudo vale a pena se a alma não é pequena.”
São gigantes d'alma os atletas paralímpicos.

São gigantes d'alma os atletas paralímpicos.


23 de abril de 2015

No Brasil tudo vale a pena se a propina não é pequena

MAR PORTUGUÊS
Fernando Pessoa  

Ó mar salgado, quanto do teu sal  
São lágrimas de Portugal!  
Por te cruzarmos, quantas mães choraram,  
Quantos filhos em vão rezaram!  
Quantas noivas ficaram por casar  
Para que fosses nosso, ó mar! 
Valeu a pena? Tudo vale a pena  
Se a alma não é pequena.  
Quem quer passar além do Bojador  
Tem que passar além da dor.  
Deus ao mar o perigo e o abismo deu,  
Mas nele é que espelhou o céu.  
  
Parodiando a famosa frase do poema do imenso Fernando Pessoa, digo eu sobre o ‘Mar de Corrupção’ que assola estes “tristes trópicos” brasileiros: No Brasil tudo vale a pena se a propina não é pequena.


O poema de Fernando Pessoa, na íntegra, está no Jornal de Poesia