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23 de março de 2012

Chico Anísio e o direito de morrer em paz

Ando acompanhando o sofrimento do grande Chico Anísio, ídolo da vida inteira, e me lembro do sofrimento de minha mãe em uma CTI no último mês de sua vida. Precisamos urgentemente rever a ética que envolve  a questão da morte. O direito de morrer tem de ser legalizado. O  Estado é laico e não pode se pautar por padrões religiosos e sobre minha vida ou minha morte tenho de ser livre para escolher os caminhos que quero seguir.
O que não dá para aceitar é ver pessoas em um sofrimento sem fim para poderem chegar ao fim. Ronald Dworkin, filósofo do Direito, define assim a questão: "Levar alguém a morrer de uma maneira que outros aprovam, mas que para ele representa uma terrível contradição de sua própria vida, é uma devastadora e odiosa forma de tirania".
Vejam o o caso do Chico, o mais genial de nossos humoristas, um homem que passou a vida nos fazendo rir, será que ele não tem o, este sim sagrado, direito de morrer dignamente? Ele não está mais lutando pela vida, estão o mantendo vivo, prolongando seu sofrimento até o fim inevitável. Destino de todos nós.
O direito de morrer deve ser tão sagrado como o direito de viver. Que os religiosos sigam os dogmas de suas religiões, direito deles, mas não imponham aos outros sua maneira de viver e morrer. E que os médicos não se arvorem em deuses aumentando o sofrimento de pacientes desenganados, que lhes deem conforto e paz para partirem sem sofrimento. Sem falar na indústria de postergação da morte que vemos hoje. Um dia  a mais sofrendo em um CTI é uma grande fonte de lucros pra certos médicos-empresários. Vampiros!
O Chico, por toda a alegria que nos proporcionou, definitivamente, não merecia passar o que está passando.