18 de outubro de 2014

Inventamos a corrupção seletiva


Inventamos a corrupção seletiva

No Brasil chegamos ao ponto de comemorarmos a corrupção. Reparem quando surge uma acusação de corrupção contra um determinado partido: todos negam veementemente a acusação; mas quando surge o nome de um político de um partido rival envolvido nas mesmas falcatruas, os membros do 1º partido acusado babam de felicidade e apontam logo o dedo condenatório: Canalha! Corrupto! À forca!
Inventamos a corrupção seletiva: os "nossos" corruptos são honestíssimos! Os "deles" os mais corruptos dentre os corruptos!
Como se uma corrupção anulasse a outra. Não anula, são ambos corruptos.

Como o Botafogo só joga amanhã às 18h30 com o Sport do Recife, ao menos terei paz no fim-de-semana

Como o Botafogo só joga amanhã às 18h30 com o Sport do Recife, ao menos terei paz no fim-de-semana

Nem tudo está perdido... Como o Botafogo só joga pelo Brasileirão 2014 amanhã às 18h30 com o Sport do Recife, ao menos terei paz no fim-de-semana.
Ah, o jogo seria realizado no Maracanã, mas teve de ser transferido para Volta Redonda pois o Botafogo teve sua renda no Maracanã bloqueada por conta de um débito trabalhista com Papai Joel Santana. Breve estaremos jogando em algum campo construído no meio do nada.
Assim é o Brasil: um cidadão, no caso um tal Maurício Assumpção, assume a Presidência de um dos mais antigos e tradicionais clubes do País, o deixa à beira da insolvência, confessa na televisão ter sonegado impostos e não lhe acontece rigorosamente nada. Vai terminar seus desmandos no mês que vem e vai para casa. Como se nada tivesse acontecido.

Cultivemos a hipocrisia

Cultivemos a hipocrisia
Hipócritas!
Cultivemos a hipocrisia
A humanidade adora os hipócritas
Os que mentem
Os falsos profetas
Os dementes
Que prometem felicidade eterna
Aos penitentes
Na morte...

17 de outubro de 2014

O maior problema brasileiro: trocaram valor por preço

O maior problema brasileiro: trocaram valor por preço
Talvez o maior problema do Brasil de hoje, se resuma no seguinte paradoxo : a imensa maioria de nossos homens públicos em vez de terem valor, têm preço. 

A hilária fundação do PT em São José do Calçado

Logo após o PT ser fundado em SP, eu com um grupo de amigos, todos universitários à época, resolvemos fundar o partido na cidade onde nascemos, São José do Calçado, localizada no sul do Espírito Santo. Não conhecem ? Pois deviam, é terra de Geir Campos, grande poeta; e Darlene Glória, glória do cinema nacional nos anos 60 e 70 do século passado. Nossa, já vivi em dois séculos...
Mas vamos aos fatos: éramos uns 10, 12 jovens e resolvemos fundar o PT. Foi um tumulto na cidade, extremamente conservadora- para terem ideia só tinha lá a ARENA, partido de apoio à ditadura. Eleições para prefeito era ARENA 1 x ARENA 2. Com um agravante, dois governadores do Estado durante o período da ditadura eram de Calçado: Cristiano Dias Lopes e Eurico Rezende, que era mineiro, mas iniciou sua vida política lá em Calçado. Além de governador, foi senador e presidente nacional da finada- e espero que bem enterrada- ARENA. E mais José Carlos da Fonseca,deputado federal e vice-governador.
Durante reunião na sede provisória do partido, o Bar do Faísca, resolvemos requisitar a Câmara de Vereadores para fazer a primeira reunião oficial do partido. Primeira confusão: Saragaia, um dos signatários da ata de fundação, protestou: tenho de tirar meu nome, papai é o prefeito, se vê meu nome nessa ata corta minha mesada, me tira da faculdade e me deserda! Percalços da revolução. Após muita discussão, regada a doses generosas de Fazenda Velha, cachaça produzida pelo prefeito( a direita já estava infiltrada entre nós ), decidiu-se excluir o nome do Saragaia e incluí-lo posteriormente. Usamos o jeitinho em prol da revolução, além de preservamos o fluxo de cachaça, devidamente surrupiadas pelo Saragaia do alambique do pai e prefeito. Expropriação revolucionária...
Depois de tudo resolvido, ou quase( aprendi ali que em reunião de esquerda nunca está tudo resolvido), Maurinho Pirracento(volto a ele numa próxima crônica ), já bêbado, falando alto e cuspindo ao mesmo tempo- sacrifícios revolucionários- questiona: "Aqui só tem estudante, o nome do partido é Partido dos Trabalhadores, precisamos arrumar ao menos um trabalhador para constar na ata de fundação".
Já viram, começou tudo de novo- até que , por sorte, adentra o recinto Zé Paraná, figura folclórica da cidade, grande contador de causos e mentiroso afamado na região- jurava de pé junto ter passado na ponte Rio-Niterói tocando gado, quando ela era de madeira- além de ter sido, em priscas eras, trabalhador rural.
Zé, já meio alto, se aproxima de nós e diz:" Ah, cêis tão aí metido com esse negócio de PT né, tá um fuzuê danado na cidade. Mas quer saber: tá certo, vi o Barbudo falando outro dia e ele falou um monte de verdade. Eu apoio ocêis!"
Levantamos Zé Paraná em júbilo, servimos uma farta dose de cana e o nomeamos, em decisão unâmime, representante dos trabalhadores rurais. E pedimos que discursasse para nós. Deu-se, então,  a tragédia: lembram dos três políticos conservadores que citei lá em cima? Todos eram advogados e Zé Paraná, após falar durante um bom tempo, encerra assim sua peroração:"...pois é, o partido tem tudo para crescer, mas é melhor convidarmos o Dr. Eurico, o Dr. Cristiano e o Dr Zé Carlos para entrar pro partido, porque partido sem doutor num vinga não, gente!"
Silêncio sepulcral, quando Jilozinho sugere : "Pessoal, depois acabamos com isso, já são quase meia-noite, tem baile na zona lá em Bom Jesus, vamos logo pra lá! ".
Fomos... Fazer o quê, né?!

( Crônica publicada em 05/09/2011 )