22 de fevereiro de 2015

O trágico Botafogo: sobre Jobson, Heleno de Freitas e Garrincha

Jobson
Já dizia Nélson Rodrigues que o Botafogo é o clube mais passional do futebol brasileiro e que temos, nós,alvinegros, a vocação da tragédia. E a História mostra que Nélson estava correto em sua assertiva. Somos, os Botafogo, passionais, maníacos-depressivos e vamos do céu ao inferno, sem escalas, em um átimo de segundo.
Dois dos maiores ídolos de nosso futebol em todos os tempos, Heleno de Freitas e Mané Garrincha, foram personagens trágicos e saíram dos píncaros da glória para morrerem na sarjeta. Heleno internado em um hospício em Barbacena; Mané, o infinitamente grande, Garrincha, bêbado, caído em uma rua perdida de um subúrbio do Rio. Bem no meio de seu povo, do qual foi a maior de todas as alegrias. Digo sempre que nada pode ser mais gratificante para um homem que ser chamado de "A Alegria do Povo". E o homem que assim foi "batizado", morreu triste e bêbado bem no meio do seu povo, que tanto o amava. Trágico. Triste. Botafogo.
Agora temos Jobson, em minha opinião, o maior atacante do atual futebol brasileiro ao lado de Neymar. Outra tragédia que se avizinha. Tal qual Heleno e Mané, Jobson é dependente químico e luta contra a sua doença acompanhado com apreensão e esperança por toda a dramática e sofrida torcida do Glorioso. Aí me pego a pensar: onde mais Jobson poderia jogar? Onde mais a não ser no trágico e fulgurante Botafogo?!
Rogo que saia desta e não repita as tragédias de Heleno e Mané. Estamos juntos contigo em sua caminhada, Jobson. Que venha a glória! Que, espero, não antecipe a tragédia. Que Heleno e Mané te protejam. Só por hoje, garoto, sempre...

( Texto publicado originalmente em 07/03/2012, que republico em 2015, quando nova tragédia se abateu sobre o Botafogo com a queda para a Série B do Brasileirão, ao mesmo tempo que Jobson parece. mais uma vez, estar saindo da sua. Que se reergam juntos. )

8 comentários:

  1. Beleza de texto, Zatonio. Típico de um botafoguense apaixonado. Também torço por ele, sobretudo pelo ser humano, antes do jogador de futebol.

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  2. Você pegou o Garrincha e o Heleno (o Jobson ainda tem volta) e transformou-os no Botafogo todo. Saiba que o Botafogo teve inúmeros ídolos através das décadas. De tantos ídolos você pegar dois e transformá-los na decadência de vocação a tragédia é, no mínimo, falta de conhecimento literário e histórico do futebol Brasileiro.
    E o Didi, Nilton Santos, Zagallo, Amarildo, Roberto, Jairzinho, Túlio Maravilha, Vinícius... e tantos outros que brilharam, foram famosos e que não tiveram tanta infelicidade assim ? Você esqueceu-se de por o Paulinho Valentim, que foi ídolo e também teve um final trágico, mas é daí ? Dizer que é um Clube da desgraça por causa disso ?
    Sabe quantos ídolos do Flamengo tiveram a desgraça ? Nenhum. Também, quantos ídolos teve o Flamengo ? Dois: Zizinho e Zico (que não ganharam nada em se tratando de Seleção Brasileira) E o Vasco ? E o Flu ? Agora, diga-me quantos jogadores que passaram por essas três agremiações e tiveram jogadores COMUNS em tom de desgraça ? Vários. Há pouco morreu o Jordan, ex Fla, praticamente na miséria. Se ele fosse ídolo do quilate de Garrincha e Heleno, certamente o Flamengo também teria vocação para a tragédia.
    O Botafogo é o Clube dos ídolos, dos craques e daqueles que colocaram o nome do Brasil na ponta do futebol mundial.
    E você não precisa rogar a Deus para que isso se repita, o que você tem que faze é ajudar o Clube indo ao Estádio, incentivando-o, pagando o ingresso e promovendo o Fogão, coisa que faço desde 1978. Atravessei os vinte anos sem títulos, várias decepções dentro de campo (na arquibancada) e nem por isso acho o Botafogo time de tragédia Grega.
    O Botafogo está formando um centro de futebol só para a base, tem um estádio de futebol e tem trinta milhões em patrocínio só no uniforme.
    Rezar é bom, mas fazer a sua parte também o é.

    Viva o Fogão.

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  3. Marcos, eu vou aos jogos do Botafogo desde 1968 10 anos antes de você, e conheço muito bem a história do clube, que fiz foi uma crônica sobre os dramas vívidos por dois expoentes do futebol brasileiro e ligados ao Botafogo; Paulo Valentim, que você cita, não pode ser comparado a heleno e Garrincha em grandeza. Quanto ao Flamengo, você se engana, Leônidas da Silva e Domingos da Guia foram grandes ídolos deles, assim com Dida, de quem Pelé era reserva ao se iniciar a Copa do Mundo de 1958. Respeito sua opinião, concordo com algumas coisas do que disse e discordo de outras. Todos os jogadores que citou, e que morreram tragicamente, não se comparam em prestígio na época em que jogaram a Heleno e, principalmente Garrincha. Sugiro, se é que já não leu, que leia Do Céu a Inferno, livro do grande Sérgio Augusto, sobre Botafogo. Talvez entenda o que eu quis dizer aqui, até porque ele escreve infinitamente melhor que eu. Abraço!
    Ah, e eu não disse que o Botafogo é uma desgraça, onde leu isso? Jamais faria isso com a maior paixão de minha vida junto com meu filho.

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  4. O Fato de o autor ter escrito maravilhosamente bem não quer dize que eu vá concordar com ele. É claro que respeito à opinião de todos e cada um escreve o que quer só que as pessoas tem a mania de dizer que o Botafogo é o time azarado, o Botafogo é o time que promove a desgraça (não desgraçado), que tem em seus ídolos principais em companhia da tragédia Grega, que é um time supersticioso, e isso não é verdade, pois o Botafogo é um clube como outro qualquer, que vence, perde, tem torcida, ídolos e tudo mais. Todos os clubes tem sua superstição, a do Botafogo não é potencializada e sim bem mais falada. Quando dizem “Há coisas que só acontecem ao Botafogo” é sempre para o lado ruim, para a sacanagem, o chororô e isso é pura maldade, pois todos tem suas superstições, todos choram, todos tem seu lado ruim e só o Botafogo é que fica com essa mácula.
    Os craques citados por você não tiveram relevância alguma no futebol Brasileiro. Todos foram coadjuvantes apesar de serem craques e ídolos em seus clubes. O que falo é do craque mesmo, como Heleno, que não ganhou nada no Botafogo e sessenta anos após a sua morte fazem filme contando a sua vida. Qual craque teve esse privilégio ? Pelé, Garrincha e Heleno. Quando falo de craques digo nesse patamar. O Nilton Santos que é a Enciclopédia está um andar abaixo (e olhe que falo do Nilton Santos).
    Céu ao inferno aconteceu com todos eles. O próprio Pelé se não fosse para o Cosmos estaria falido e seria mais um dessa lista, você tem dúvida ?
    Hoje um qualquer ganha uma fortuna . O Diguinho, atleta do Flu matem um salário de duzentos e oitenta mil reais. Como esse cara vai para o Inferno ? Nunca. É craque ? Jamais. Como ele tem um montão, eu diria até a maioria.
    Essa charge do jogador (ou torcedor) com o nariz de palhaço, na chuva é infeliz. Eu não sou assim e acho que você não é, muito menos os jogadores foram ou outros serão, pois assim fica parecendo que todo alvinegro é palhaço e nós não somos palhaços, independente do que o livro diz e tenta explicar em seu corpo.

    Saudações Alvinegras.

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  5. Marcos, quem iniciou esta história de superstição no Botafogo foi Carlito Rocha, considerado por quase todos os botafoguenses o maior dirigente que o clube já teve. De resto, me desculpe, mas você dizer que jogadores do nível de Leônidas da Silva e Domingos da Guia não tiveram relevância na história de nosso futebol é uma rematada injustiça. Quanto a tragédia: O Botafogo Futebol Clube se fundiu ao Club de Regatas Botafogo após a morte de um jogador de basquete durante uma partida entre os dois clubes. E é por ser assim que o Botafogo é o clube que tem mais obras literárias escritas sobre sua história do que os demais grandes clubes do Brasil.E, me desculpe, o Botafogo não é "um clube como qualquer outro". É o Glorioso!

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  6. Zatonio,
    Você pega as minhas ponderações e responde. Dizer que a tragédia está ligada ao Botafogo devido ao fato do jogo de basquete ou que a superstição é do Carlito Rocha é “chover no molhado”.
    O Botafogo é um Clube como outro qualquer sim. Claro, tem muita tradição como todo outro qualquer clube. O diferencial do Botafogo são suas histórias, seu magnetismo, sua condição de transpor o que tantos outros não conseguem. Ou seja, o Botafogo tem um passado que nenhum outro clube jamais terá. Talvez o Santos chegue perto, mas só na era Pelé. A história do Botafogo se confunde com a história da antiga Capital Brasileira que era o Rio de Janeiro, dos mitos, dos gênios e da Seleção. Essa é a diferença do Botafogo, que como clube é igual a qualquer outro, como instituição está anos luz a frente.
    Não sou torcedor de ficar glorificando como “o meu é melhor que o seu” e vice-versa. Todos os clubes são importantes, com excelência para os grandes clubes Brasileiros, mas não sou idiota de passar deixar que o Botafogo seja diferenciado no aspecto lúdico da coisa, apesar disso não ganhar títulos.
    Vi o Botafogo perder de seis para o Flamengo. Foi no dia do meu aniversário e eu estava no Maracanã. Quatro anos após, vi novamente, só que foi 6x1 e também estava lá. Quatro dias após os 6x1, numa quinta feira chuvosa, eu e mais algumas testemunhas vimos o Botafogo ganhar o Santos por 1x0, gol de Cristiano (que entregou cinco dos seis do Fla). O Presidente da época tinha que descer até a geral e entregar uma medalha para cada torcedor naquele dia. E não sou de Organizada e pagava tudo do meu bolso. Tenho todos os canhotos e comprovo.
    Jamais farão um filme com Leônidas da Silva ou Domingos da guia será enredo de alguma Escola de samba do grupo especial do Rio, muito menos o Dida, eterno ídolo do Pelé, será loureado por algum ícone histórico contemporâneo. Já com o Botafogo isso ocorre de maneira leve, até certo ponto natural, pois essa magia é que se estende pelo contexto Alvinegro e não fábulas supersticiosas.
    O Carlito Rocha ganhava títulos como Presidente não porque o ônibus entrava de ré ou o Biriba dava sorte, ganhava porque o time era bom, pois bem me lembro nos vinte anos (outro factoide em dizer que foram vinte e um, pois vinte e um seria se ele não vencesse em 89) não tinha macumba ou superstição que desse jeito. Ganhou porque o time era bom e tinha um herói tão esquecido (Emil Pinheiro) que salvou o Botafogo. Vá ao Youtube e veja a estrutura alvinegra antes de 89. É de dar pena. O Botafogo iria acabar, não tenho dúvida alguma.
    Mas valeu pelos comentários e pelas colocações. O importante é que somos alvinegros (Botafogo, não Coringão ou outra coisa qualquer) e o melhor caminho para se chegar a algum lugar é a discórdia.

    Saudações Botafoguenses.

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  7. Então ficamos assim, caba qual com seu qual, mas ambos botafoguenses. Abraço!

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