6 de junho de 2022

A banalização do mal no Brasil

 A banalização do mal

“Um cidadão normal, chamado Genivaldo, foi gasificado num porta-malas de uma viatura da Polícia Rodoviária Federal no Estado de Sergipe”, disse Denis Rosenfield.
“O espetáculo do horror introduz a morte violenta patrocinada pelo Estado, cuja função – convém sempre lembrar – consiste em proteger a vida e o patrimônio dos cidadãos. Hobbes já dizia que essa é sua função essencial, sem a qual a sociedade recairia num estado de selvageria, denominado por ele de guerra de todos contra todos. A justificativa inicial utilizada pelo arbítrio foi a de um ‘mal súbito’ sofrido pela vítima, expressão que só pode ser considerada como uma piada macabra. Mal, sim, existe, mas o de uma sociedade que começa a se acostumar com tal tipo de arbitrariedade. Súbito, sim, o descaramento e a ausência de compaixão (…).
O Brasil vive um período particularmente delicado, pois estas formas de ‘morte social’ passam a ser tidas por normais. Nem a compaixão se faz mais presente nas ações governamentais. Se o Estado não se impõe, protegendo os malfeitores e relegando os policiais honestos e conscientes, é porque se encaminha para formas autoritárias. Trata-se, na verdade, de um jogo político com a morte. A sociedade não pode pactuar com tal tipo de ‘brincadeira macabra’”.
Denis L. Rosenfield (1950), é gaúcho de Porto Alegre. Tendo-se graduado em Filosofia no Rio Grande do Sul, concluiu o doutorado na Universidade de Paris I (Panthéon-Sorbonne), em 1982. Integrou o Corpo Docente da Pós-Graduação em Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, tendo sido coordenador desse programa, entre 1985 e 1987. Nessa Universidade, foi o editor da Revista Filosofia Política.
Observação do Barão:
Denis Rosenfield não é de "esquerda".

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