26 de novembro de 2022

Obrigado, Richarlison

O escritor Albert Camus (1913-1960) jogou futebol e disse o seguinte sobre o esporte: "O que finalmente eu mais sei sobre a moral e as obrigações do homem devo ao futebol..."

Na Copa de 2014, realizada no Brasil, tido pelo mundo como o 'país do futebol', sofremos a maior humilhação de nossa História esportiva. O vexatório 7 x 1 que levamos da Alemanha. A tragédia do Mineirão foi um prenúncio do desastre que a Nação brasileira sofreria nos anos subsequentes, que culminou com a ascensão do fascismo ao poder. O fascismo, desde os seus primórdios, é sinônimo de ódio a tudo que é diferente. Vivemos tempos sombrios. Mas milhões de brasileiros não ajoelharam-se às ameaças diuturnas que Jair Bolsonaro, o líder dos fascistas, lançava sobre a Nação. Muitos de nós perdemos amigos, parentes e até família por nos posicionarmos contra  a ditadura fascista que via-se no horizonte... A resistência não foi em vão. Conseguimos, entre frequentes ameaças de um golpe de Estado, chegar a 2022. Ano de eleição presidencial. E, democraticamente, nas urnas, vencemos os fascistas. Gestou-se em torno de Luís Inácio Lula da Silva- que é, gostando-se ou não dele, o maior líder popular que o Brasil já conheceu- uma grande frente democrática que uniu adversários históricos, não inimigos.
 E veio a Copa do Mundo de Futebol de 2022. O Brasil, o maior vencedor do torneio, estreia contra a Sérvia sob a desconfiança da "pátria de chuteiras", como bem definiu Nélson Rodrigues. O primeiro-tempo aumentou nossa desconfiança, o time não foi bem, parecia preso, como nós lutando por nossa liberdade em um país ameaçado por uma pérfida ditadura de extrema-direita. Veio o segundo tempo e  um novo Brasil surgiu. O Brasil  que sonhamos renasceu: sem medo, livre, bonito, solidário e feliz! Fizemos 1 x 0, A seleção fluía em campo. Eis que Vini Jr, pela esquerda, como democraticamente teria que ser, dá um passe para Richarlison no meio dá área. O atacante tenta dominar a bola mas ela sobe...  O lance parecia perdido. Qual nada... Veio o momento mágico: nosso 'Pombo', fazendo jus ao apelido, gira o corpo, voa em direção a bola e acerta um chute perfeito, que estufa as redes dos ´sérvios. O Brasil "voou" com Richarlison! E naquele sublime instante em que uma obra de arte foi criada, alegria e felicidade tomaram novamente conta de nossos corações, que andavam tão soturnos.
Obrigado, Richarlison, principalmente pelo homem que você é, e por alegrar uma Nação que anda precisando de mais amor- e não foi o seu gol um ato de amor?!- e menos, muito menos, ódio.

O sublime voo do "Pombo"



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