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6 de dezembro de 2018

Saudade sangra

Acordei com saudades,
várias...
De dar um forte abraço em meu filho,
que está longe.
Outro afetuoso abraço em meu saudoso pai,
que já se foi...
Um grande beijo no grande amor,
que morreu... de excesso.
Ah, todas as minhas saudades estão tão longe,
e tão vívidas dentro de meu saudoso coração,
que sangra...
Saudade.  

Acordei com saudades,  várias...  De dar um forte abraço em meu filho,  que está longe.  Outro afetuoso abraço em meu saudoso pai,  que já se foi...  Um grande beijo no grande amor,  que morreu... de excesso.  Ah, todas as minhas saudades estão tão longe,  e tão dentro de meu saudoso coração,  que sangra...  Saudade.

17 de dezembro de 2016

Pai, perdoa-lhes, eles não aprenderam nada

Pai,
perdoa-lhes,
eles não sabem
o que fazem...

Mais de 2 mil anos depois: 

Pai, 
perdoa-lhes,
eles não aprenderam
nada...

Pai, perdoa-lhes, eles não sabem o que fazem...  Mais de 2 mil anos depois:   Pai,  perdoa-lhes, eles não aprenderam nada...

6 de dezembro de 2014

Botafogo é pai, uma belíssima crônica de Arnaldo Bloch

Botafogo é pai, uma belíssima crônica de Arnaldo Bloch
Botafogo é pai

Legado de família: um amor pelo Botafogo que despreza a frieza dos números 

Arnaldo Bloch

Peço licença para voltar após breve intervalo a falar de meu pai, que partiu há um mês. “Ele morreu”, avisou Leonardo, minutos antes de se apagarem, suavemente, sem agonia, os refletores de suas retinas, como se assistisse, da arquibancada, à sua própria saída de campo. “Você está me vendo?”, perguntou Iná, que passara meio século a seu lado. “Estou”, respondeu Leonardo, e foi sua última palavra. Quando Iná perguntou pela segunda vez, seus olhos estavam alvos, translúcidos, e seu coração já não pulsava. Se desta vez não foi possível salvá-lo de seu encontro com o desconhecido, ao menos Leonardo foi poupado de testemunhar, três semanas depois, o segundo rebaixamento de seu querido Botafogo, embora isso não fosse aborrecê-lo tanto assim: nas temporadas recentes, referia-se à equipe de General Severiano com palavras e frases de uma perplexidade exausta:
— É a isso que você quer que eu assista?
Ou, então, com a mão apontada para a TV e uma careta de estudada amargura:
— Fabuloso! Fabuloso!
Nas últimas rodadas de sua vida não se dava mais ao trabalho de ligar o aparelho quando eu propunha que acompanhássemos juntos um jogo, mesmo que fosse o clássico contra o Santos, que sempre o entusiasmara.
 — Que me interessa? — respondia, à moda da regência ancestral da família, alongando as sílabas para pontuar o tédio.
A cada uma dessas sentenças, olhava para minha cara como se me imputasse alguma culpa pela decadência alvinegra. A culpa, ele bem sabia, era dele, que escolhera o glorioso, bem verdade que num tempo em que fazia jus à alcunha. Era o time de toda a família, embora Adolpho, líder do clã, secretamente apostasse fichas paralelas no Flamengo por motivos que nada tinham a ver com paixão clubística.
— Quando o Flamengo ganha, é bom para o Brasil e vende mais revista — cochichava após algum triunfo rubro-negro mais notável.
Assim, quando acordei para a vida, já vestia a camisa de listras verticais alternando o preto e o branco. Do lindo escudo no alvo, altiva, avulsa, a alva estrela era cravada. Já contei, e reconto, da remota noite em que saímos do Maracanã após uma derrota e papai caiu, meio corpo, num buraco enlameado, arremedo de bueiro. Um senhor que passava ajudou a resgatá-lo.
Dali em diante — sabedor de que a vida alvinegra (ou seja, a vida) seria plena de percalços, poços pantanosos, derrotas e alguns dias de um luzir tão belo que quase não se crê — jamais lamentei uma das mais belas heranças que Leonardo me legou, desde menino: este amor que despreza a frieza dos números, que deseja a vitória mas não precisa dela para afirmar uma identidade terrena, na qual a fúria supremacista é a negação do real. Pois no real o belo não é um estado permanente, mas uma onda imanente, frágil lanterna a estudar os atalhos do caos.
Penso, junto com a memória de papai, nos que, confrontados com esse amor incondicional, resignado, na derrota ou na vitória, natural da cultura alvinegra, respondem com assertivas tolas como “o futebol é só um jogo”, ou seja, não faz parte da vida nem a influencia. Essas almas obtusas, que só conseguem enxergar no esporte o horizonte de conceitos algo medonhos como “hegemonia”, são as mesmas que chegam em casa de cara fechada após uma derrota, vão dormir sem beijar o cônjuge ou os filhos e se acham uns fracassados por causa daquilo que ora julgaram ser apenas um passatempo.
Quando fiz 13 anos, papai me deu um título de sócio-proprietário do Botafogo após adquirir um para ele mesmo. Décadas depois, quando o time descendeu pela primeira vez à Segundona, colhi os primeiros frutos de tão valoroso patrimônio ao receber uma carta de Bebeto de Freitas com uma proposta de anistia de uma dívida que somava pelo menos meia-dúzia de anos. Eu simplesmente me esquecera de pagar as mensalidades por um motivo reles: ao primeiro atraso, o clube parava de enviar os boletos e dispensava qualquer providência de cobrança.
Na carta enviada a uma horda de sócios inadimplentes, Bebeto propunha saldar a bolada com um único cheque de R$ 800. Em troca, eu me tornava integrante do programa Botafogo no Coração, e ganhava o direito de assistir a qualquer partida do Brasileirão no simpaticíssimo estádio de Caio Martins, em Niterói, em lugar cativo.
Naquela temporada, não perdi nenhum jogo em que o Botafogo foi mandante. E consegui arrastar papai para um, não me lembro qual, mas que terminou com vitória. Enfrentamos algum aperto na entrada.
O corpulento Leonardo, cujo ritmo de caminhada eu sempre tivera dificuldade de seguir, começava a dar os primeiros sinais de preguiça, mas resolveu o aperto passando um papo no bilheteiro. Enfrentamos aquela tarde-noite com bravura, e saímos de mãos dadas, comemorando. Não havia fossos de lama, e chegamos em casa imersos na paz.
Ainda sinto o cheiro de seu perfume de pai.
Há dias bons e ruins e não há vitórias que sejam para sempre. O Botafogo caiu. Papai subiu. Não é um jogo. É a vida.

Crônica publicada em O Globo

9 de junho de 2012

"Deve ser legal ter um pai"

Posso te fala uma coisa
diga?
Eu só vi o meu pai uma vez
que triste
Deve ser legal ter um pai

Este diálogo tive com uma mocinha que me adicionou no Facebook. Quando li a última frase algumas lágrimas minaram em meus olhos, como diz meu amigo Saint-Clair
Ah!...eu acho que serei um eterno bestão! Não é, Clarinha?!

20 de maio de 2012

O tempo que passa

O tempo que passa
Nos perpassa de dor
Primeiro nos leva a inocência
Depois a infância
Mais pouco
E se foi o primeiro amor
Indo anos mais
Leva-nos o pai
E tempo que se esvai
Lá se vai a mãe
E outro amor
Viramos acúmulo de dor
De amigos não ver mais
Tempo de saudade
É o que nos resta com a idade

E o tempo que nos torturou
Passa a se chamar experiência

A inocência que a vida me levou
A infância que perdi
A juventude que passou
O amor que acabou
A vida que se esvai
A morte que se aproxima
O último dos fins
Chamam de experiência
Pois sim...

24 de janeiro de 2012

Uma linda declaração de amor de um filho para seu pai

Uma das mais belas declarações de amor de um filho para seu pai que já li. Uma carta linda e comovente. Tenho orgulho de ser amigo dos dois: do Saint-Clair, o pai; e do Pedro, o filho, autor da lindíssima carta. Tal pai, tal filho!

               Uma carta de chorar


Lá pelo início dos anos noventa, havia prometido a meu filho Pedro, então com treze anos, que o levaria às Olimpíadas de Barcelona.
Era um prêmio para o bom filho que sempre fora, como até hoje é, e para que ele desse vazão ao amor que tinha (e ainda tem) por esportes. Ele praticamente gostava de todas as modalidades. Era possuído por aquilo que se chama espírito olímpico, sem nunca ter manifestado, no entanto, desejo de competir em qualquer modalidade. Até mesmo na natação, que foi aprender ainda bem pequeno, jamais quis participar de competições de petizes, como era nomeada sua categoria.
Enfim, gostaria de lhe fazer esse agrado. Então comecei a poupar na caderneta. Assalariado tem de fazer assim, se quiser algo.
Em determinado momento de nossas vidas, ocorreu-nos a tragédia Collor de Mello. O confisco da poupança e dos depósitos bancários, promovido pela ensandecida ministra Zélia Cardoso, acabou frustrando os planos.
Contudo, em seguida, anunciou-se a Copa do Mundo da FIFA na França para 1998. Renovamos as intenções e comecei novamente a programação.
Como não seria possível ficar durante todo o decorrer da competição, optamos por assistir aos jogos a partir das oitavas de finais. Assim excluímos a primeira fase, com a certeza de que a seleção brasileira se classificaria para as próximas. Chegou, mas foi aquela tragédia que todos sabem muito bem.
Voltamos da França cheios de histórias para contar e, se por um lado tristes com o resultado final, por outro, felizes pela viagem, pelo prazer de estar um com o outro vinte e quatro horas, pela curtição de cada lugar, de cada restaurante, de cada taça de cerveja (ele já tinha dezenove anos), de cada jogo, de cada passeio.
Passados alguns meses, por ocasião de meu aniversário, recebi a carta que transcrevo a seguir, a qual não consigo ler ainda hoje, sem que mine água nos meus olhos, pela beleza da mensagem, pela sensibilidade que ele demonstrou, pela criatividade, enfim. Hoje ele é um publicitário competente.
O envelope estava a mim endereçado. No remetente, aparecia: Emilie Merchant, Rue Louis XV, 8 – Paris – France – CEP 11033-110.
Quero que observem que, no último parágrafo, já começa a haver a contaminação do personagem que ele criou com ele mesmo. Transcrevo então.
“Olá, como vai o senhor?
Provavelmente o senhor está estranhando esta carta e também a sua remetente, mas tudo bem. Mesmo assim eu precisava lhe escrever para dizer o quanto foi prazeroso conhecer e conviver, mesmo que por apenas curtos vinte dias, com o senhor e o seu filho.
Meu nome é Emilie e fui sua arrumadeira aqui em Paris durante a Copa do Mundo. Na verdade esta carta já era para ter sido escrita, mas o senhor sabe né? Os lençóis e travesseiros ocupam muito tempo do meu dia e aí…
Não sei se é uma característica de vocês brasileiros, mas fiquei simplesmente admirada com a relação de amizade e confiança entre o senhor e o seu jovem filho, que me pareceu ser completamente apaixonado pelo pai, pois pude reparar em seus orgulhosos olhos acompanhando os passos do senhor, tentando segui-los e copiá-los em uma declaração de carinho infinito. Isso era muito bonito. Olhos esses que também choraram de prazer e frustração e que foram amparados prontamente pelos braços acolhedores de seu pai amigo. Abraços, abraços e mais abraços! Abraços intermináveis de dois camaradas que se conhecem bem e compartilham os mesmos sonhos. Ah, grandes sonhos!!!
E os sorrisos? Esses sim eram de verdade, sim senhor! Me desculpe a intromissão, mas não pude me conter com as longas gargalhadas de vocês, principalmente as do senhor, que, quando não ultrapassavam as paredes do  quarto, ficavam latentes no coração e tímidas no canto da boca esperando a próxima bobeira do jovem para explodir e contagiar quem estivesse em volta.
Nas longas caminhadas pelas ruas de minha cidade, nas pequenas aulas perante um monumento qualquer, nas lembranças da viagem anterior, nas brincadeiras no metrô e nos estádios do meu país. Em todos estes cantos eu também estava lá e vi estas cenas de coleguismo que me mostraram uma relação antiga e eterna de pai e filho. De um pai coruja (é assim que vocês falam no Brasil?) e de um filho orgulhoso. Vocês são reais, de verdade mesmo!
O senhor é uma pessoa especial no que faz, no que diz e até quando não diz e dá a ver ao outro. É o espelho para seu filho (imagino que para todos de sua família) que, secretamente, me confidenciou lá no quartinho de roupa suja que o senhor era um roncador de marca maior e por isso eu não deveria me assustar ao chegar próximo ao quarto. Que sacanagem!
Então vou ficar por aqui, pois o trabalho me chama e preciso continuar a observar as pessoas que passam por Paris. Obrigada por ter vindo e por ter trazido seu filho. Obrigado pelos dias, tardes e noite. Obrigado pelo café da manhã (não era um Méridien!), pela cerveja no almoço e pelos lanchinhos noturnos nas máquinas daqui do hotel. Obrigado pela parceria nos estádios, pelos sorrisos e pelo abraço amigo diante da TV durante o Hino Nacional que me deu forças para engolir o choro. Choro que me volta aos olhos agora, quando escrevo esta carta, e sempre que me lembro. Obrigado por ser meu pai, de Pituquinha e de Sheilinha. Obrigado por ter me dado Janinha! Obrigado por ser você e parabéns pelo dia de hoje, meu amigo!
Um beijão.”
E assina a carta, que está impressa: Pedrão.
E eu, na qualidade pai coruja, como a própria Emilie constatou, pergunto a você: é possível reler esta carta sem que mine água nos olhos?
(Pituquinha é o apelido carinhoso de sua irmã; Sheilinha é sua prima, à época morando conosco; Janinha é sua mãe, Jane.)