Último dia de aula, Altanor, professor de Matemática, entra na sala com o resultado da prova final da turma. A expectativa não era das maiores, eram bons alunos e normalmente todos seriam aprovados. Todos menos um: nosso inefável Jilózinho.
Se reprovado fosse, entraria para a gloriosa história do Ginásio de Calçado com a nada alvissareira marca de cinco reprovações seguidas na ciência de Euclides; por quem aliás nutria profundo rancor; diria até que ódio, visceral!
Altanor começa a chamar os alunos, um a um, à sua mesa, dizia as notas, dava parabéns a alguns, a outros conselhos para estudarem um pouco mais. Bom professor, além de bom homem, o Altanor. Todos aprovados, restava chamar quem? Jilózinho...
- Ricardo- diz Altanor- você, como já sabiamos, fez uma péssima prova, deveria ser reprovado, mas conversei com a direção da escola e, em consideração a seus pais, a diretoria concordou em lhe dar mais uma chance; vou fazer o seguinte: prova oral, uma única pergunta se acertar está aprovado, certo?
-Tá né, professor, fazer o quê?- retruca Jilózinho.
-Preste atenção então, lá vai: dezena dezessete, quais são seus vizinhos?
Quando ouviu a pergunta Jilózinho abriu seu farto sorriso e disparou:
-Poxa mestre, essa todo mundo aqui sabe, aliás, Calçado inteiro sabe: meus vizinhos são o Jamil, do lado esquerdo lá de casa e o Mané Luis, do lado direito. Essa foi moleza!
- Um silêncio profundo na sala, todos esperando a reação do Altanor.
Altanor ficou desnorteado por alguns segundos, sentou-se, coçou a cabeça, olhou para o teto da sala, coça de novo a cabeça e diz:
-Tá aprovado! E sai rápido, pois estava louco para rir.
A turma exlpodiu em comemoração pois Jilózinho é querido- muito querido, por todos; em seguida colocam o Jilózinho nos ombros e saem em passeata pelo pátio do colégio, gritando em uníssono: Einstein...Einstein...Einstein...
Logo todo o colégio se une à passeata e, com Jilózinho ainda nos ombros, rumam para o Bar do Faisca, sem parar de comemorar a memorável façanha do Einstein calçadense.
Dizem até que Einstein, lá de cima, deu uma boa risada, aprovando a humana atitude do professor e feliz com a conquista de seu indigitado discípulo. Humanista que era...