Saíram os dois pelo lado do motorista e eu fiquei no carro, pois estava cochilando no banco do carona. Abri os olhos, vi Augusto urinando na parte da frente do carro e resolvi descer para fazer o mesmo. Augusto termina, vira-se para mim e diz: " Zé, cadê o Pedrinho?" Olho para um lado, para o outro e... nada do Buchudo!
Augusto se abaixa, olha por sob o carro e... nada! O Buchudo havia, como num passe de mágica, desaparecido.
Apavorados com o inaudito sumiço de nosso amigo começamos a gritar : Pedrinho!!! Pedro Mello !!! Buchudo!!!.... Nada! Silêncio total.... Continuamos chamando até que ouvimos um som gutural vindo do fundo do barranco : "Opa! Tô aqui!"
- Tá fazendo o quê aí?!- pergunta Augusto.
- "Caí, porra!!! Vou subir!"
Bem amigos, foi uma cena impagável! Nosso destrambelhado herói, já bastante calibrado, tentava subir o barranco- que devia ter uns dez metros de altura- agarrando-se no capim e no mato que o circundava. Mas, invariavelmente, quando se aproximava do topo, os tufos de capim ou mato se soltavam e lá ia nosso Buchudo rolando barranco abaixo novamente. Augusto já estava até pensando em chamar um reboque para tirar o pobre do Buchudo do buraco, quando, num esforço heroico, nosso desastrado Buchudo consegue retornar à estrada. Fora a sujeira e alguns arranhões de somenos importância, nada de mais grave aconteceu.
Depois de beber uma generosa dose de conhaque e se recompor do susto, Pedrinho, dedo em riste, vem em minha direção e, possesso, diz: "Você é um viado, devia é te dar umas porradas!!!"
- Ué, o que foi que eu fiz?!- indago espantado.
- Eu estava fazendo xixi encostado na porta do carona, você abriu a porra da porta sem olhar e me jogou lá embaixo. Olha o estado que estou, seu viado?! E a culpa é sua!
Antes do Buchudo terminar seu esporro, Augusto e eu começamos a rir... Rimos até a barriga doer! Curou até o porre! Em compensação levei tapa na nuca até chegarmos em Calçado.
Chegamos e fomos direto ao bar do Conrado, encontrar a turma. Quando Jilozinho viu o Pedrinho naquele estado deplorável, mandou: "Ô Pedro Mello, o bloco de sujos só sai amanhã e você já veio fantasiado de porco?! Ha! Ha! Ha!
Só deu tempo do Jilozinho se abaixar, pois a garrafa de conhaque passou zunindo por sobre sua cabeça.
Foi um grande carnaval.